.

Era grande, de fato, a compaixão do Mestre pelos doentes. Em uma ocasião o Bem-Aventurado encontrou um monge, Pūtigatta Tissa, atormentado por úlceras infeccionadas deitado em sua cama suja. Imediatamente o Mestre preparou água quente, e com a ajuda do Venerável Ānanda o lavou, ternamente cuidou dele com as próprias mãos e ensinou o Dhamma, permitindo-lhe assim alcançar o estado de arahat antes de morrer. Em outra ocasião, também, o Mestre cuidou de um monge doente e admoestou seus discípulos assim: “Quem quer, monges, que queira seguir minha admoestação, deve cuidar dos doentes” [6]. Quando o arahat Tissa faleceu, os ritos funerários foram devidamente realizados e o Buddha fez com que os restos mortais fossem levados a um templo num stupa [7]. O mettā ou bondade amorosa do Buddha permeava tudo e era incomensurável. Sua sincera exortação a seus discípulos era:

Tal com sua própria vida

A mãe protege do mal

A sua criança única,

Que vosso pensar por tudo

Dessa forma também seja” [8].

 

Sendo alguém que sempre agia em constante conformidade com o que pregava, a bondade amorosa e a compaixão sempre dominavam suas ações. Enquanto viajava de vila em vila, de cidade em cidade, instruindo, iluminando e regozijando muitos, o Buddha percebeu como pessoas supersticiosas, presas à ignorância, sacrificavam animais para adorar a seus deuses. Disse a elas:

A vida, tomar podem, mas não dar,

Vida que os seres amam e protegem,

É a cada um sublime, cara e boa,

Mesmo aos mais baixos…” [9].

 

Assim quando as pessoas que rezavam aos deuses por piedade eram impiedosas, a Índia estava manchada de sangue com os sacrifícios mórbidos de animais inocentes nos altares dessecrados de deuses imaginários, e os ritos e rituais danosos dos ascetas e brāhmaṇas traziam desastre e brutal agonia, o Buddha, o Compassivo, apontava para o antigo caminho dos Iluminados, o caminho da retidão, do amor e da compreensão. Mettā ou amor é o melhor antídoto para a raiva em si. É o melhor remédio para aqueles que estão bravos conosco. Vamos portanto estender o amor a todos que necessitam com um coração livre e ilimitado. A linguagem do coração, a linguagem que vem do coração e vai ao coração é sempre simples, graciosa e plena de poder.

[6] Vin. I, 302.

[7] “Ao noroeste do monastério de Jetavana”, escreveu o General Alexander Cunningham em seu Archaeological Report, 1862-3, “havia uma stūpa construída no lugar onde o Buddha havia lavado as mãos e pés de um monge doente… Os restos da stūpa ainda existem numa massa de uma construção de tijolo sólido a uma distância de 160 metros do monastério de Jetavana”. No mapa do General Cunningham o mapa de Sāvatthi (atual Sahet-Mahet) o local dessa stūpa está marcado com H. no plano. Archaeological Survey of Índia (Simla 1871), p. 341.

[8] Mettā Sutta, Sutta Nipāta, 149, 149; trad. de Chalmer.

[9] Edwin Arnold. The Light of Asia.

Acompanhe esta série