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~ Ven. Ottama Sayadaw ~

Conteúdo

Parte 3

O nariz encostando na janela

A não-criação de kamma não é o objetivo principal de vipassanā ou meditação do insight. A prática da meditação do insight nos ensina a não reagir a nossa experiência com desejo ou aversão. É um treinamento em desprendimento de todos os objetos da mente, de todos os estados mentais, de todas as nossas experiências. Em vipassanā nós não interferimos em nossa experiência; nós principalmente aprendemos a reconhecer tudo o que aparece na tela de nossa mente tal como é. Observamos claramente, permanecemos fortemente conscientes de sua natureza. É um pouco como assistir televisão mas, em vez de ficarmos perdidos no programa, começamos a perceber a realidade da televisão e da tela; começamos a vê-la apenas como um televisor que está ligado. Quando estamos claramente conscientes de um objeto desta forma – mesmo que apenas por momentos esparsos – naqueles momentos não estamos nem atados ao objeto, nem repelidos por ele. Tal desapego é a condição necessária para vermos tudo sem distorção.

Praticamos vipassanā para desenvolver o insight, para conhecer nossas próprias mentes, para ver como a mente funciona, para entender sua verdadeira natureza, para experimentar a realidade última, para nos libertar das causas da servidão, infelicidade e miséria. Para isso, precisamos obter uma distância saudável de todos os tópicos e objetos de nossa consciência. Quando estamos tocando a vidraça com nosso nariz e estamos absorvidos com a vida nas ruas, nós não podemos ver a janela!

Não há bananas em macieiras.

Enquanto vivemos no nível de realidade relativa, estamos sujeitos à lei de causa e efeito. As relações kamma-vipāka agem e influenciam nossa vida o tempo todo. Frequentemente gostaríamos de ver as conexões entre o efeito e a causa para conhecer a causa exata de algum efeito particular. Às vezes temos uma intuição sobre a causa, mas geralmente, não temos. Nossa mente não tem a capacidade necessária para esta tarefa.

Os mecanismos do kamma são tão complexos que somente um Buddha pode delinear as ligações kâmmicas nos dramas da vida dos seres particulares. O Buddha declarou que o kamma e seus resultados são um dos quarto “inconcebíveis” (acinteyya), uma das quatro áreas praticamente impenetráveis pela mente humana comum (AN IV,77). O kamma não amadurece em nenhuma forma mecânica, linear, previsível, e nem de acordo com nenhum intervalo de tempo pré-determinado. A interação de muitos fatores de apoio e obstrução faz que seja difícil ou quase impossível para nós apontar as conexões entre os eventos.

O Buddha não explicou a lei do kamma em todos os seus detalhes, mas ele deu uma série de dicas práticas a respeito de como a lei funciona. Em um famoso sutta (MN 135), ele descreveu quatorze conexões entre as causas kâmmicas e seus prováveis resultados:

(1) A morte de seres vivos, se realizada repetidamente, leva ao renascimento em circunstâncias miseráveis, mesmo em reinos de alta densidade. Se o renascimento for como ser humano, o kamma irá causar uma vida curta.
(2) Abstinência de matar, a proteção da vida, conduz ao renascimento em reinos superiores de luz e felicidade. Se o renascimento for como ser humano, o kamma saudável dará suporte a longa vida.
(3) Aquele que é cruel, e causa dor e sofrimento aos seres vivos, sofrerá como consequência e ficará susceptível à doença.
(4) Aquele que se abstém de causar dano aos seres durante um longo período de tempo pode esperar felicidade e saúde.
(5) Raiva, ódio e má vontade causam uma aparência física feia.
(6) Paciência e tolerância trazem beleza como resultado.
(7) Inveja frequente causa perda geral de influência.
(8) Não ser invejoso, mas regozijar-se pelo sucesso dos outros é a base de grande influência.
(9) A mesquinhez limita o acesso à riqueza e conduz as pessoas à pobreza.
(10) As pessoas generosas conquistam riquezas facilmente.
(11) Aquele que é arrogante, ríspido e desrespeitoso pode contar com um renascimento em uma família humilde.
(12) Aquele que é humilde, gentil e respeitoso pode contar que renascerá em uma família próspera.
(13) Aquele que nunca questiona acerca da verdade ou sobre o que pode ser benéfico ou prejudicial caminha para um aumento de ignorância e estupidez.
(14) Aquele que investiga esses assuntos adquire conhecimento e está cimentando o caminho rumo à sabedoria.

Você pode discordar da lei de kamma, mas você não pode negar o fato evidente de que nossas ações têm alguma influência sobre nossa mente, que afetam nossa vida. Você pode pensar que o Buddha estava errado, porque você pode apresentar muitos exemplos contrários: por exemplo, você conhece um homem idoso muito legal que tocou seu próprio matadouro por toda a vida, ou sabe de uma família que tem sido muito rica por pelo menos duas gerações e todos são muito avarentos, ou você se lembra de sua mãe – tão carinhosa, amorosa e gentil – que sofreu de muitas doenças em sua vida e que, finalmente, morreu de um tipo terrível de câncer.

Algumas das aparentes discrepâncias no funcionamento do kamma podem ser compreendidas se reconhecermos que toda a gente possui três faces: a face como nós a percebemos, a face com que se vê a si próprio e a face como realmente é. Quando falamos acerca de kamma e dos seus resultados estamos especialmente interessados na “segunda face”, em como a pessoa se experiencia a si mesma. Existe uma diferença significativa entre a forma como as pessoas nos parecem ser e a forma como se sentem acerca de si próprias. Muitos ricos não conseguem desfrutar da riqueza que possuem e, na verdade, sentem-se pobres. Muitas pessoas sorridentes e cheias de sucesso quando chegam a casa deitam a cabeça na almofada e choram sentindo uma devastadora tristeza. Não se deixem iludir por aparências enganadoras. Recordemos como nos apresentamos perante os nossos colegas, como tentamos ocultar a parte embaraçosa da nossa personalidade.

É verdade, no entanto, que se examinarem o funcionamento do kamma na perspectiva de uma única existência, a relação do kamma com os seus frutos parecerá vago e indistinto. Poderão, então, questionar a validade da teoria do kamma, e pensar que muitas irregularidades e exceções de que se lembram desmentem a alegação de que é uma lei natural.

Podemos ver algumas indicações perceptíveis do funcionamento do kamma em nossa vida do quotidiano. O nosso meio é um pouco como um espelho: o que enviamos é provável que se repercuta sobre nós. Quando temos um bom dia, as coisas decorrem suavemente, todas as pessoas são simpáticas e amigáveis; quando temos um ressentimento nos afligindo, as pessoas zangam-se conosco por nada. A nossa boa disposição fará sorrir até as pedras; quando estamos enraivecidos, bateremos com a nossa cabeça numa janela aberta.

Verifiquem o que acontece em suas mentes quando fazem algo contra os seus princípios: nesse momento sua mente fica fraca, o mundo torna-se feio e durante alguns instantes começam a sorrir e a comportar-se como uns tolos. Por outro lado, se, devido a uma extraordinária constelação astrológica, saltarem de sua sombra e limparem todas as escadas de sua casa, provavelmente irão manter uma cara séria mas a sua mente estará num estado de celebração, preenchida por um tipo muito especial de energia agradável. Podemos chamar a isto “kamma instantâneo”. Tentem lembrar-se do que estava em sua mente quando morderam a língua.

No espaço desta vida presente, podemos também perceber algumas relações kâmmicas mais profundas: se realizarem ações saudáveis, altruístas, inteligentes, sentir-se-ão bem, o coração se abrirá e se sentirão conectados com os outros. Se cuidarem das pessoas, se forem honestos e amáveis, as pessoas naturalmente os ajudarão; se aproximarão e vocês terão muitos amigos. Mas se usarem suas habilidades para levar vantagem sobre as pessoas, invejar o sucesso delas, mentir e se comportar desonestamente, elas se afastarão e vocês ficarão isolados. Se fizerem coisas estúpidas, cruéis, más, sentirão muita tensão, ansiedade e conflitos e terão que enfrentar muitas dificuldades em suas vidas. Ainda que sejam ricos, sentir-se-ão miseráveis. Aqueles que trabalham sistematicamente em seus limites ampliarão seus horizontes; aqueles que vão dormir sempre que se sentem um pouco cansados podem esperar uma vida muito aborrecida. A compreensão dessas relações na vida é o objetivo e o fundamento de qualquer boa educação. Chamarei isso de “nível intermediário” da perspectiva kâmmica.

Para entender por que as pessoas são tão diferentes, por que são dotadas de temperamentos tão diferentes, para entender as curvas do destino, as tragédias da vida, as doenças, as distorções mentais e os acidentes, para entender por que alguns prosperam facilmente e outros, apesar de seu esforço, fracassam repetidamente, precisamos trazer para uma perspectiva “em grande escala”. Nós podemos entender a lei do kamma de maneira satisfatória apenas se levarmos em consideração os outros dois temas deste ensaio, renascimento e saṁsāra. As numerosas histórias das vidas passadas presentes nas escrituras sugerem que para obter um cenário mais completo do processo kâmmico nós teríamos que traçar as conexões entre o kamma e seus resultados em centenas de milhares de vidas. Apenas assim estaríamos na posição de reconhecê-lo como uma lei regente; apenas assim o kamma mostraria sua verdadeira face assustadora. Por que isso é assim? A sucessão de causa e efeito, a ordem no amadurecimento do kamma, é imprevisível, e o efeito do kamma pode vir a manifestar-se apenas depois de muitos éons.

O Laboratório do Dhamma

Os ensinamentos de Abhidhamma Pitaka e dos seus comentários descrevem as relações de kamma-vipāka com maior detalhe que o Sutta Pitaka. Os suttas, os sermões de Buddha, são sempre diretos, são exposições “pragmáticas” do Dhamma com o objetivo de guiar e de edificar aqueles a quem são dirigidos. Aqui o Buddha fala muitas vezes na perspectiva da ignorância dos seus ouvintes. O Abhidhamma, por outro lado, enquanto teórico e abstrato, analisa a mente do ponto de vista da realidade última, descrevendo todos os fenômenos na posição da plena iluminação. Deste modo, temos duas perspectivas diferentes dos ensinamentos. Embora essas se complementem e se suportem entre elas, e não é aconselhável misturá-las de forma inadequada.

O Venerável Nārada Mahāthera exemplifica o relacionamento entre os dois tipos de ensinamento com uma analogia: na nossa vida comum dizemos que bebemos água, lavamos nossas mãos com água, usamos água para vários propósitos; mas quando entramos num laboratório fazemos experiências exclusivamente com H20 e entendemos a água de um jeito muito diferente. O Abhidhamma é como um laboratório do Dhamma, explicando a estrutura e a natureza da mente e o funcionamento do kamma nos mínimos detalhes.

Os Comentários vão ainda mais fundo e explicam a experiência humana como uma rápida sequência de momentos mentais. Esses momentos extremamente breves de consciência ocorrem em sequências fixas, que nós podemos considerar “moléculas” mentais. Essa sequência típica consiste de dezessete momentos mentais, um momento mental sendo um “átomo” da mente. É dito que bilhões de momentos mentais podem se dar em um segundo.

Cada um desses dezessete momentos tem sua função. Oito são vipāka, momentos de consciência resultante. Essas são as ocasiões em que algum kamma passado encontra a oportunidade de produzir o seu resultado. Dois momentos são considerados kâmmicamente neutros. Kamma em si é produzido pelos sete momentos chamados javana, que pertencem ao lado ativo da mente. Apenas uma pequena parte do kamma que criamos agora traz resultados na vida presente, e deste apenas um fragmento se manifesta imediatamente. Outra pequena parte do kamma criado dará resultados na próxima existência. O tempo para o amadurecimento do kamma restante não é fixo. Isso significa que a maior parte do kamma que estamos produzindo agora será herdada por “nós” em um futuro distante.

Se simplificarmos e generalizarmos as intricadas explicações do Abhidhamma sobre o funcionamento de kamma e vipāka, podemos dizer que:

(i)    o que vivemos em (= nosso “mundo”),
(ii)    o que experienciamos em nossa vida, e
(iii)    como experienciamos isso,

são amplamente influenciados pelo nosso kamma passado. Mas como respondemos ou reagimos a essas experiências é a criação do novo kamma; é dessa forma que preparamos, influenciamos e tecemos a realidade do nosso futuro (Vocês percebem o movimento perpétuo? Vocês percebem a nossa responsabilidade pelas nossas ações e atitudes?)

Tomem cuidado, mais está para vir: o que nos está a acontecer agora – em traços gerais – é a expressão do nosso kamma passado. Podemos escolher e experimentar várias coisas na nossa vida, mas o que de fato acontece e a forma como irá acontecer depende muito do tipo e da qualidade do nosso potencial kâmmico acumulado. Por exemplo, o cônjuge com quem podemos viver, o emprego que podemos ter e conservar, as pessoas com as quais nos ligamos, a forma como as pessoas nos tratam (!), os nossos sucessos, fracassos e acidentes – todas estas voltas e reviravoltas da fortuna precisam ser sustentadas pelo kamma para acontecerem do modo como acontecem; de fato, simplesmente para acontecerem, elas precisam do input das nossas disposições kâmmicas. Sem um apoio adequado dos nossos recursos kâmmicos, elas ainda podem acontecer, contudo, só nos afetarão superficialmente. [2]

[2] Isso, é claro, é somente uma reflexão acadêmica. No abismo do tempo provavelmente já fizemos quase de tudo e, portanto, estamos kâmmicamente abertos a quase tudo. Ainda assim, para algumas coisas somos mais abertos e, para outras, menos. Portanto, algumas coisas mais provavelmente podem acontecer conosco que com outros.

O Abhidhamma aponta que até mesmo tornar-se consciente de um objeto é vipāka. Da multidão de fenômenos que nos rodeiam, aqueles que percebemos, como nos relacionamos com eles e os aspectos que tomam nossa atenção são funções de nosso kamma passado. De um modo geral, o nosso kamma determina o nosso renascimento, molda nosso caráter e disposições, descreve nossos limites e condições dos principais episódios de nossa vida. De acordo com o panorama mais preciso do Abhidhamma e seus Comentários, toda a nossa vida não é nada mais do que um fluxo de “formações mentais e materiais” (nāma-rūpa) rapidamente surgindo e desaparecendo. Nós podemos imaginar estas formações como “sequências mentais” surgindo com seus respectivos objetos. O amadurecimento constante de kamma passado em cada “sequência mental” é o resultado ou o lado passivo deste processo. Como reagimos e respondemos a esta experiência de vida é o lado ativo, a criação de um novo kamma, seja bom ou ruim.

Nós não podemos influenciar diretamente o amadurecimento do kamma passado, mas podemos tomar precauções para mitigar o amadurecimento do kamma ruim e ajudar o amadurecimento do kamma bom. Se estivermos conscientes da cobiça, raiva e ilusão assim que surgem, esses fatores insalubres não irão ter a oportunidade de enraizar em nossa mente, e o kamma insalubre irá ter uma chance bem menor de amadurecer. Além disso, somos capazes de influenciar efetivamente a maneira que respondemos a nossa experiência. Esse é o elemento essencial do livre arbítrio, o qual nos permite mudar a direção de nossa vida, de formar e reformar nosso futuro. Mas não espere que as mudanças aconteçam de uma só vez. Os antigos padrões do kamma e vipāka têm enorme inércia, uma tendência inveterada em se repetir várias e várias vezes. Nosso kamma, que é o potencial de nossas ações passadas, é como uma carroça sem cavalos e completamente carregada descendo ladeira abaixo: não irá parar ou mudar se você chutá-la. No entanto, se você é realmente sério, se você reorientar a sua mente e se esforçar persistentemente, você poderá dar uma nova direção e um significado mais profundo à sua vida. Teoricamente, bem como na prática, você tem esse poder. Não duvide. Faça!

Uma Mochila Cheia de Kamma

Enquanto discutindo estes tópicos com um dos meus professores de Abhidhamma, eu toquei, intencionalmente, no velho conundrum: “Onde está kamma armazenado?” Saya U Chit Tin respondeu com uma contra-questão: “Nos dias que correm, as pessoas falam muito acerca de direitos humanos, não é? Mas aonde é que eles guardam estes direitos humanos? No seu bolso? Nas suas cabeças? Nos seus ombros? Têm eles que os carregar numa mochila, de ontem para hoje?

Os professores de antigamente ilustraram esse ponto com o símile de uma árvore: quando chega a hora, a árvore dá frutos – maçãs, laranjas ou mangas – mas nós não podemos dizer que as frutas foram armazenadas no tronco, nos ramos ou nas folhas. Outro exemplo é a caixa de fósforos e o fogo: não podemos dizer onde o fogo está armazenado, mas quando certas condições estão reunidas o fogo surge.

E o que dizer da genética? Cromossomos e nucleotídeos não contêm o programa para todo o corpo, com as características e os temperamentos que geralmente são imputados ao kamma? Hoje, sabemos mais sobre as misteriosas moléculas de DNA e temos uma ideia de como esse esquema para todo o organismo é copiado e repassado a cada divisão celular. Do ponto de vista desse estudo, o material hereditário é considerado principalmente como o portão ou a entrada para um ser no plano humano ou animal da existência. Como determinado potencial kâmmico conecta-se, ao nascimento, com uma “casa de DNA” específica e depois a habita por toda uma vida, será tratado no próximo capítulo.

Alguns professores dizem que o potencial de kamma é contido no fluxo de consciência, ou no “contínuo vital”; outros dizem que é incluído dentro do fator mental chamado “faculdade de vida”. Eu pessoalmente acredito que todo o potencial de kamma, como também todas as impurezas mentais são passadas pelo relacionamento condicional entre sucessivos momentos mentais. Na realidade, eu diria que o kamma e as impurezas são o próprio processo de condicionamento. Alguns professores poderiam dizer que isto é muito improvável, até mesmo impossível, pois temos muito kamma passado, mas não penso que a marca do kamma “total” precise ser tão complicada. Por exemplo, considere que podemos chegar a todas as cores do mundo apenas misturando as três cores primárias.

Muitas pessoas assumem que um determinado ser nasce na concepção, com a fertilização do ovo, que gradualmente se desenvolve – pelos seus próprios poderes químicos e físicos – em uma pessoa madura e, finalmente, depois de setenta ou oitenta anos de vida ativa, dissolve-se no nada com a morte. Isto é como a vida de um indivíduo no parece quando a examinamos meramente com nossas faculdades sensoriais e suas extensões tecnológicas. Se, contudo, estivermos dispostos a admitir que os nossos sentidos nos proveem uma realidade muito limitada e parcial, ficaremos mais humildes, mais abertos a outros canais de informações, mais receptivos às mensagens que vêm dos sábios.

De acordo com o Dhamma, a célula fertilizada é apenas o componente biológico da concepção, que para se concretizar precisa também do componente mental. Essa é a corrente de consciência da vida anterior direcionada às condições da nova vida pelo poder do kamma. Nossos pais proporcionaram os componentes físicos de nossa vida, mas antes de qualquer coisa, nascemos de nosso kamma, que é nossa herança verdadeira. Gastamos o kamma antigo, mas também acrescentamos novo potencial kâmmico o tempo todo. O kamma que criamos agora é o útero real do qual nasceremos em nossa vida futura. Isso nos leva ao segundo tópico deste trabalho.

 


 

Traduzido pelo Grupo de Tradução do Centro Nalanda
em acordo com o Autor

© 2011 Edições Nalanda


Nota: Ensinamentos sobre o Kamma” consiste de um ensaio moderno sobre a doutrina do kamma (skr. karma, ação) no Buddhismo, escrito pelo venerável Ashin Ottama Sayadaw. Ashin Ottama é monge buddhista e professor na linhagem de Mahasi Sayadaw, abade do Mosteiro Bodhipala na Suíça e atualmente vivendo na Itália. Estará em fevereiro de 2012 no Brasil a convite da Comunidade Nalanda.

 


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