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Um dia quando Upatissa caminhava pelas ruas de Rājagaha, ficou impressionado com a serenidade contida e a postura calada e digna de um dos primeiros discípulos do Buddha, o arahat Assaji, que estava pedindo suas esmolas. Muitos dos extenuantes esforços para alcançar a perfeição que Upatissa havia feito por vários nascimentos estavam prestes a serem recompensados. Sem voltar a seu professor, ele seguiu o arahat Assaji até seu lugar de descanso, ansioso em saber quem ele seguia e qual ensinamento ele havia aceitado. “Amigo”, disse Upatissa, “serena é sua postura, claro e radiante seu olhar. Quem lhe persuadiu a renunciar ao mundo? Quem é seu professor? Qual Dhamma (ensinamento) você segue?” O venerável Assaji, bastante relutante em falar demais, humildemente disse: “Eu não posso expor a Doutrina e a Disciplina extensamente, mas posso lhe explicar o significado brevemente”. A resposta de Upatissa é interessante: “Bem, amigo, diga pouco ou diga muito, quero só o significado. Por quê muitas palavras?” Então o arahat Assaji pronunciou um único verso que comporta toda a doutrina do Buddha sobre a causalidade: “Ye dhammā hetuppabhavā Tesam hetum tathāgato āha Tesam ca yo nirodho Evam vādi mahā samano”.
“O que seja de uma causa procede, E o Tathāgata sua causa explicou, E a explicação do cessar deu também; Esse é o ensinamento do Supremo” (Vinaya Mahāvagga).
Upatissa imediatamente apreendeu o significado e atingiu o primeiro estágio de percepção, compreendendo “o que quer que seja da natureza do surgimento, tudo isso é da natureza da cessação” (yam kiñci samudayadhammam sabbam tam nirodhadhammam). Com o coração cheio de alegria, voltou rapidamente a seu amigo Kolita e lhe falou de seu encontro com o arahat e do ensinamento que havia recebido. Kolita também, como Upatissa, imediatamente chegou ao primeiro estágio da percepção, tendo ouvido o Dhamma de seu amigo. Nisso os dois se aproximaram de Sañjaya e pediram para seguir o Buddha. Mas temendo perder sua reputação como professor de religião, foi contra. Upatissa e Kolita então deixaram Sañjaya – apesar de seus protestos – e foram ao monastério de Veluvana, exprimindo sua vontade de se tornarem seguidores do Buddha. O Buddha alegremente os recebeu dizendo “Venham, monges, bem proclamado é o Dhamma. Vivam a vida santa para o completo fim do sofrimento”. Admitiu-os na Ordem. Chegaram à libertação e tornaram-se os dois principais discípulos. Outro grande que se juntou à Ordem durante a estadia de Buddha em Veluvana foi o sábio brâmane Mahā Kassapa, que havia renunciado a uma grande fortuna para encontrar o caminho até a libertação. Foi o venerável Mahā Kassapa quem, três messes após o falecimento (parinibbāna) do Buddha, fez uma convocação dos arahats (o Primeiro Concílio), na Caverna de Sattapanni, próxima de Rājagaha sob a proteção do Rei Ajātasattu, para coletar e codificar o Dhamma e o Vinaya.