Meditação nunca foi considerada um caminho em si mesmo, completo e autossuficiente. Ela precisa ser complementada a fim de atingir todo o seu potencial. Isso porque o indivíduo não vive isolado, exclusivamente dentro de sua própria mente. Ele tem relacionamentos, vive no mundo, e as próprias construções de seu pensamento se entrelaçam com conceitos e aprendizagens que vem de suas experiências externas.

Um de meus professores, o Venerável Rewata Dhamma Sayadaw dizia que: “O remédio que o Buddha prescreveu como a cura para o sofrimento humano foi a prática. Para nós, tomar refúgio no Iluminado significa aceitarmos sua orientação como remédio a ser utilizado em nossas vidas diárias. Participar de um retiro de meditação é uma oportunidade ideal para aprender como colocar o ensinamento em uso. Nesse contexto, a prática inclui a disciplina moral (sila), a disciplina mental da concentração (samadhi) e a sabedoria (pañña) ou purificação da mente“.

Prática, refúgio e retiro são elementos complementares. Praticar significa os três elementos da disciplina moral (que avalia nossas relações comportamentais de corpo e fala com os outros seres em termos de benefício e agressão), o treinamento na meditação, e a aquisição da sabedoria (o que, como e para que de nossas vidas). Retiro tem duas dimensões. O exterior é aquele que fazemos com o corpo; o interior é o que fazemos com a mente. Ambos benéficos, ambos gerando frutos. Retirar-se é sair, ainda que temporariamente, das turbulências do samsara. E no retiro encontramos o refúgio, nossa determinação na implementação da prática correta.

O Venerável Sayadaw dizia também: “Em nossa tradição, a prática da moralidade para um praticante laico envolve a tomada dos cinco preceitos. Em outras palavras, toma-se o treinamento em não prejudicar ou matar qualquer ser vivo; não roubar; não utilizar incorretamente os sentidos; não se expressar mentirosamente ou de formas a causar dano aos outros; e não fazer uso recreativo de bebidas e drogas intoxicantes. A moralidade tem a ver com qualquer coisa que fazemos ou dizemos. Esses cinco preceitos são violados em qualquer momento em que causamos dano ou infelicidade seja a nós mesmos ou a outros seres vivos“.

Os cinco preceitos não são mandamentos. São treinamentos. É você que escolhe e decide se eles são balizas úteis para a avaliação do comportamento na comunidade ou não. É você também que é o responsável pelas consequências das ações que comete. Cada um deles se baseia na escolha do causar dano e infelicidade ou segurança e felicidade para aqueles que estão ao nosso redor. Sempre é a nossa escolha.

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  1. […] Nas palavras do Ven. Rewata Dhamma Sayadaw: “Em nossa tradição, a prática da moralidade para um praticante laico envolve a tomada dos cinco preceitos. Em outras palavras, toma-se o treinamento em não prejudicar ou matar qualquer ser vivo; não roubar; não utilizar incorretamente os sentidos; não se expressar mentirosamente ou de formas a causar dano aos outros; e não fazer uso recreativo de bebidas e drogas intoxicantes. A moralidade tem a ver com qualquer coisa que fazemos ou dizemos. Esses cinco preceitos são violados em qualquer momento em que causamos dano ou infelicidade seja a nós mesmos ou a outros seres vivos”. […]

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