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Numa lua cheia de julho, 528 anos antes de Cristo, ao fim da tarde, no momento em que o sol se punha e simultaneamente a lua cheia subia, no sombreado Parque das Gazelas em Isipatana, o Buddha dirigiu-se a eles:

Monges, estes dois extremos não devem ser cultivados pelo recluso. Quais dois? Indulgência sensual, que é baixa, vulgar, mundana, ignóbil e que conduz ao dano; e a auto-flagelação, que é dolorosa, ignóbil e conduz ao dano. O Caminho do Meio, monges, compreendido pelo Tathagata, evitando os extremos, dá visão e conhecimento, e leva à calma, à realização, à iluminação e ao Nibbana. E o que, monges, é esse caminho do meio? É o Nobre Caminho Óctuplo, nomeadamente: Compreensão Correta, Pensamento Correto, Linguagem Correta, Ação Correta, Modo de Vida Correto, Esforço Correto, Vigilância Correta e Concentração Correta”.

Então o Buddha lhes ensinou as Quatro Nobres Verdades: a Nobre Verdade do Sofrimento, a Nobre Verdade do Surgimento do Sofrimento, a Nobre Verdade da Cessação do Sofrimento e a Nobre Verdade do Caminho que conduz à Cessação do Sofrimento  [1].

Assim o Supremo Buddha proclamou a Verdade e pôs em movimento a Roda do Dhamma (dhammacakka-pavattana). Esse primeiro discurso, essa mensagem no Parque das Gazelas, é o núcleo do ensinamento do Buddha. Assim como a pegada de cada criatura que anda na terra poderia ser incluída na do elefante, com seu tamanho proeminente, assim a doutrina das Quatro Nobres Verdades abraça todo o ensinamento do Buddha.

Explicando cada uma das Quatro Nobres Verdades, o Mestre disse: “Tais, monges, foram a visão, o conhecimento, a sabedoria, a ciência, a luz que surgiram em mim e que alcancei sobre coisas nunca antes ouvidas. Enquanto, monges, meu conhecimento intuitivo, minha visão com respeito a essas Quatro Nobres Verdades não me era absolutamente claro, não tive a pretensão de ter alcançado a Iluminação Suprema. Mas quando, monges, meu conhecimento intuitivo, minha visão com respeito a essas Quatro Nobres Verdades se tornou absolutamente claro, somente então proclamei ter alcançado a Iluminação Suprema. E surgiu em mim insight e visão: inabalável é a libertação de minha mente (akupp? me cetovimutti), este é meu último nascimento, não há mais vir-a-ser (renascimento)” [2]. Assim disse o Buddha, e os cinco monges, contentes em seus corações, aplaudiram as palavras do Bem-Aventurado.

[1] Para uma compreensiva explicação dessas verdades, ver, deste autor, The Buddha´s Ancient Path; Bikkhu Ñanamoli, Three Cardinal Discourses of the Buddha (Wheel No 17); Francis Story, The Four Noble Truths (Wheel No. 34/35); Nyanatiloka Thera, The Word of The Buddha. Todos publicados por BPS.

[2] Dhammacakkappavattanna Sutta, S. v. 420.

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