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por Thanissaro Bhikkhu
O Buddha diz simplesmente que há ações que levam ao prazer e ações que levam à dor. O kamma não diz respeito a pessoas, é simplesmente uma questão de ações e resultados. Boas pessoas podem ter algumas más ações cometidas em seu passado. Pessoas que parecem horríveis podem ter feito coisas maravilhosas. Nunca se sabe. Portanto, não é uma questão de se uma pessoa merece ou não merece prazer ou dor. Há simplesmente o princípio de que as ações têm resultados e que sua experiência atual de prazer ou dor é o resultado combinado de ações passadas e presentes. Você pode ter algumas ações muito inábeis em seu passado, mas se você aprender a pensar de maneira hábil, quando as ações derem frutos no presente, você não precisa sofrer.
Brahma Vihara
Um princípio se aplica à questão de saber se a pessoa que está sofrendo “merece” a sua compaixão. Às vezes você ouve que todos merecem a sua compaixão, porque todos eles têm a natureza de Buddha. Mas isto ignora a razão principal para se desenvolver a compaixão como um brahma-vihara em primeiro lugar: Você precisa tornar a sua compaixão universal, de tal forma que você possa confiar em suas intenções. Se você considera a sua compaixão algo tão precioso que só Buddhas a merecem, você não será capaz de confiar em si mesmo quando encontrar pessoas cujas ações são consistentemente más.
Ao mesmo tempo, você precisa lembrar que nenhum ser humano tem um passado kammico totalmente puro, então você não pode fazer da pureza de uma pessoa a base para a sua compaixão. Algumas pessoas resistem à idéia de que, por exemplo, crianças nascidas em uma zona de guerra, sofrendo de brutalidade e de fome, estão ali por uma razão kammica. Parece cruel, dizem, atribuir esses sofrimentos ao kamma de vidas passadas.
A única crueldade aqui, porém, é a insistência em que as pessoas são dignas de compaixão somente se forem inocentes de qualquer delito. Lembre-se de que você não precisa gostar ou admirar alguém para sentir compaixão por essa pessoa. Tudo que você tem a fazer é desejar que essa pessoa seja feliz. Quanto mais você puder desenvolver essa atitude em relação a pessoas que você sabe que tenham se comportado mal, mais você será capaz de confiar em suas intenções em qualquer situação.
O Mundo Inteiro
O Buddha ilustra esse ponto com uma vívida analogia: Mesmo que bandidos o ataquem e arranquem seus membros com uma serra, você tem que ter benevolência para com eles e depois expandi-la para incluir todo o mundo. Se você mantiver essa analogia em mente, ela o ajudará a proteger-se de agir de forma inábil, não importa o quanto seja provocado.
O quarto princípio a lembrar diz respeito ao kamma que você está criando agora em reação ao prazer e a dor de outras pessoas. Se você se ressente da felicidade de alguém, quando você, algum dia, estiver feliz haverá alguém para ressentir-se da sua.
Você quer isso? Ou se você tem um coração insensível para com alguém que esteja sofrendo agora, algum dia você poderá enfrentar o mesmo tipo de sofrimento.
Você quer que as pessoas sejam insensíveis com você? Lembre-se sempre de que as suas reações são uma forma de kamma, por isso esteja atento para criar o tipo de kamma que dê os resultados de que você gostaria.
Papel da Causalidade
Quando você pensa assim você vê que é realmente de seu interesse desenvolver os Brahma-viharas em todas as situações. Então a pergunta é: como se faz isso? Aqui é onde um outro aspecto dos ensinamentos do Buddha sobre a causalidade desempenham um papel: o seu ensino sobre a formação, ou a maneira como você fabrica a sua experiência.
A formação é de três tipos: física, verbal e mental. Formação corporal é a maneira como você respira. Formações verbais são pensamentos e comentários mentais sobre as coisas – o seu discurso interno. Em pali, estes pensamentos e comentários são chamados vitakka, pensamento dirigido, e vicara, avaliação. Formações mentais são as percepções e sentimentos: os rótulos mentais que você adere às coisas e às sensações de prazer, dor ou nem prazer nem dor que você experiencia delas.
Qualquer desejo ou emoção é constituído por esses três tipos de formação. Eles começam com pensamentos e percepções e, em seguida, tomam seu corpo através da forma como você respira.
É por isso que as emoções parecem tão reais, tão teimosas, tão genuinamente “você”. Mas, como mostra o Buddha, você se identifica com essas coisas porque você as forma na ignorância: você não sabe o que está fazendo e sofre como resultado. Mas se puder compor suas emoções com conhecimento, elas podem engendrar um caminho para o fim do sofrimento. E a respiração é um bom lugar para começar.
Raiva Confortável
Se, por exemplo, você está sentindo raiva de alguém, pergunte-se: “Como eu estou respirando agora? Como posso mudar a maneira que eu respiro para que meu corpo possa se sentir mais confortável?”
A raiva, muitas vezes, gera uma sensação de desconforto no corpo e você sente que precisa se livrar dela. As formas comuns de se livrar dela são duas, e ambas são inábeis: ou você a oculta reprimindo-a, ou tenta descarregá-la do seu sistema, liberando-a em suas palavras e atos.
Então, o Buddha oferece uma terceira alternativa, mais habilidosa: Respire através de seu desconforto e dissolva-o. Deixe a respiração criar sentimentos de bem-estar físico e plenitude, e permita que esses sentimentos preencham todo o corpo.
Esse relaxamento físico ajuda a deixar a mente relaxada também. Quando estiver agindo a partir de uma sensação de tranquilidade, ficará mais fácil formar percepções hábeis e avaliar sua resposta para a questão com a qual você se depara.
Aqui, a analogia do torrão de sal é uma importante percepção para manter em mente, visto que lembra-nos de perceber a situação em termos de nossa necessidade de boa intenção para nos proteger do mau kamma.
Parte dessa proteção é procurar os pontos positivos da pessoa de quem você está com raiva.
Percepções Sentimentais
E para ajudar com esta percepção, o Buddha oferece uma analogia ainda mais vívida para lembrá-lo de que essa abordagem não é mero sentimentalismo: Se você vir alguém que foi realmente desagradável para você em palavras e ações, mas tem momentos de honestidade e boa vontade, é como se você estivesse andando através de um deserto – com calor, cambaleante, sedento – e você se deparasse com uma pegada de vaca com um pouco de água nela.
O que você faz então? Você não pode colher a água com a mão, pois isso faria lama. Ao invés, se poria de quatro e, com muito cuidado, sugaria a água.
Observe a sua posição nesta imagem. Pode parecer humilhante por sua boca no chão assim, mas lembre-se: Você está por um fio e com sede. Você precisa de água.
Se você focar apenas nos pontos negativos das outras pessoas, você vai se sentir ainda mais oprimido pelo calor e a sede. Você se tornará amargo a respeito da raça humana e não verá nenhuma necessidade de tratá-la bem. Mas se puder ver o lado bom das outras pessoas, você vai achar mais fácil tratá-los com habilidade.
Os pontos positivos deles são como água para o seu coração. Você precisa se concentrar sobre eles para nutrir sua própria bondade, agora e no futuro.
Se, no entanto, a pessoa de quem você está com raiva não tem nenhuma boa qualidade, então o Buddha recomenda uma outra percepção: pense na pessoa como um doente desconhecido que você encontrou na beira da estrada, longe de qualquer ajuda.
Você tem que sentir compaixão por ela e fazer o que puder para levá-la para a segurança dos pensamentos,palavras e atos hábeis.
© tradução do inglês de Jorge Luiz Furtado para o Centro Buddhista Nalanda, 2009
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Thanissaro Bhikkhu
Thanissaro Bhikkhu, também conhecido como Ajahn Geoff, nasceu em1949 e é um monge buddhista americano da Ordem Dhammayut (Dhammayutika Nikaya), da tradição das florestas da Thailândia. Atualmente é o abade do Metta Forest Monastery em San Diego. Thanissaro Bhikkhu é um prolífico autor e tradutor de muitos livros
Queridos companheiros de caminhada, a publicação: Do coração para a cabeça para mim no dia de hoje se assemelha a uma cachoeira de luz que limpou e expandiu minha consciência.
Por isso, agradeço de coração por ter recebido esse correio eletrônico, e peço que continuem enviando, com o proposito de tocar nossos corações e facilitar nosso processo de purificação, de dissolução de nossas percepções incorretas.
Que o criador de tudo e de todos abençõe e ilunine essa comunidade que leva luz, sabedoria e transformação ao planenta e aos seres que nele se encontram.
Bjs no coração de todos.
Maria do Socorro de Oliveira
Obrigada pela partilha.
No Dharma,
Cristiane
Obrigado pelo apoio, Maria do Socorro e Cris!
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