3D Centro Dentro“O Centro Dentro de Nós”

Autor: Gyomay Kubose
Tradução: Ricardo Sasaki
Edição Impressa: esgotado
140 p. Edições Nalanda, 2008 | Valor: R$ 35,00

“Sensei Gyomay Masao Kubose foi discípulo do Rev.Haya Akegarasu e fundou o Buddhist Temple of Chicago, sendo seu líder espiritual até sua morte, em 29 de março de 2000, com 94 anos de idade. Foi citado muitas vezes por sua obra no âmbito da comunidade buddhista e das relações comunitárias e em 1970, recebeu o World Buddhist Mission Cultural Award. Durante toda sua vida o Rev. Kubose enfatizou e ensinou a todos o Buddha-Dharma não-sectário.

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PREFÁCIO À EDIÇÃO BRASILEIRA

As condições kármicas que resultaram nesta Edição Brasileira do livro “The Center Within” do Reverendo Gyomay Kubose, são como a miríade de interconexões da rede de Indra. Anos atrás, durante sua estadia em Chicago, encontramos Ricardo Sasaki, que nos falou do seu sonho de traduzir “The Center Within”, ocasião em que oferecemos a ele nossa aprovação e encorajamento Vendo pronta esta edição, nós estamos gratos e o congratulamos por sua perseverança e pelo fato de haver realizado aquele seu sonho. Graças a esforços como o de Sasaki, a abordagem prática de meu pai quanto ao Buddhismo torna-se parte de uma rede de Dharma que se expande neste novo Milênio. ~ Rev. Koyo S. Kubose

PREFÁCIO DO TRADUTOR

Em 1987 tive o prazer de conhecer o Reverendo Gyomay Kubose em seu templo buddhista em Chicago, EUA. Desde o primeiro momento, no afetuoso abraço daquele pequeno homem, pude perceber a grandeza de seu caráter e a natureza singela daquele buddhista americano descendente de japoneses. Masao Kubose nasceu em 1905, em São Francisco, Califórnia, mas seus primeiros anos foram passados em Hiroshima, no Japão. Ele voltou para os EUA em 1922, formando-se, mais tarde, em Filosofia pela Universidade da Califórnia. Quando o Reverendo Haya Akegarasu, um dos mais brilhantes religiosos do Japão, veio aos Estados Unidos no verão de 1929, Masao Kubose tinha 24 anos, e já havia lido todos os livros disponíveis do eminente visitante. Eles viajaram juntos por 45 dias e, mais tarde, após completar seus estudos na Universidade da Califórnia, em 1935, Masao Kubose visitou o Reverendo Akegarasu em seu templo em Ishikawa, e com ele permaneceu por cinco anos frutificantes.

O Reverendo Haya Akegarasu foi o mais brilhante discípulo do renomado Reverendo Manshi Kiyozawa. Quando, em 1954, o Reverendo Akegarasu estava em seu leito de morte, Gyomay Kubose foi visitá-lo. Akegarasu olhou para ele e disse: “Quando olho para trás, parece-me que vim a este mundo para encontrá-lo”. Ambos se abraçaram e choraram.

“O Centro Dentro de Nós” é repleto de passagens que deixam marcas inesquecíveis; um fruto da experiência real de quem vive o que diz. Desde a primeira vez que o li, desfrutando ainda da graça de conviver com o autor em seu templo, este livro tem sido uma fonte de inspiração e um remédio constante a lembrar-me de que o Caminho é aquele da simplicidade. Desejar que ele fosse traduzido para o português era um impulso irresistível, e agora os leitores brasileiros deste livro poderão também compartilhar das palavras de sabedoria do velho mestre.

Uma de suas ênfases enquanto ensinava é que se deveria estar totalmente naquilo que se faz. Estar no presente, aqui e agora. Gyomay Kubose, ele mesmo, foi o perfeito exemplo disso em sua vida. Um homem inteiro em uma vida de dicotomias: alguém de sangue japonês, mas que nasceu nos EUA; sua combinação dos ensinamentos diretos do Zen com o afeto compassivo da Terra Pura. O Zazen e o Nembutsu numa única pessoa revelam já a natureza de seu ensinamento: uma suave junção de estilos, um compromisso pelo respeito a tudo e a todos.

Ricardo Sasaki
(Shaku Ryuyo)
Centro Buddhista Nalanda
Belo Horizonte, 2008


O BUDDHISMO É A VIDA DE TODOS OS DIAS (um trecho do livro)

Quando Nansen, um professor, foi perguntado: “O que é o Buddhismo?”, ele respondeu: “A vida de todos os dias”. Essa é uma das muitas formas de indicar a essência do Buddhismo. No Buddhismo, falamos sobre o “caminho” ou a “via”. Em chinês é chamado “Tao”. Em japonês, “Dô”. “Dô” é a via ou o modo como vivemos todos os dias. O que é esta via? Por que tipo de caminho você anda? Temos muitas pretensões e representamos as coisas como queremos que elas sejam. Não vemos as coisas como elas são. Não entendemos a vida “tal como ela é”. O Buddhismo é a forma mais natural de viver, onde cada pequena coisa que fazemos é o Caminho.

Sem pretensões ou artificialidade, cada caminho é unicamente do próprio indivíduo. Cada caminho é diferente, mas, ainda assim, há o Grande Caminho em que todos andam. É a mesma via, mas diferente para cada indivíduo. Pode ser difícil compreender que o Caminho Universal é o nosso próprio caminho. Esta é a diferença entre o caminho verdadeiro e o caminho não verdadeiro.

Assim como a liberdade é diferente da falta de lei; a liberdade sempre caminha com a lei. A liberdade existe quando a lei é vivida. O que isso significa é que se deve encontrar o caminho profundamente dentro de si. Assim, o caminho não existe “lá fora”. Fora e dentro se tornam idênticos. Universal e particular se tornam um. Você vive sua própria vida e não há um padrão pré-estabelecido. Ainda assim, seu padrão único é formado da mesma forma como aquele do universo. Este é o caminho da vida. É uma flor desabrochando, um vento soprando. Você vive; eu vivo.

Quando você vive o Caminho Universal, você vê a vida se expressando em todos os lugares. É uma vida tão fabulosa e nobre que você não pode deixar de se sentir inspirado. A vida é arte quando vivida dessa forma. Arte significa que ela é absoluta. Há criatividade na vida; a imitação não tem valor. A arte deve ser original e única. A arte do haiku, a poesia japonesa, é a vida buddhista expressa na forma poética. Cada momento da vida é um poema em si mesmo. Quando cada ação é uma expressão da vida em si mesma, há beleza e realização. Isso é a via universal. Esse é o caminho que Nansen indicou quando disse: “O Buddhismo é a vida de todos os dias”.

LAVE OS PRATOS (um trecho do livro)

Um noviço aproximou-se de seu mestre e disse: “Por favor, ensina-me Buddhismo”. O mestre perguntou: “Você já comeu?” O noviço respondeu: “Sim”. O mestre disse: “Então, lave os pratos”.

Esse diálogo é famoso. Após comer, é natural lavar os pratos e limpar o resto. Este modo natural é o modo buddhista. Quando a ajuda é necessária, vá e ajude naturalmente – sem nenhuma sensação de obrigação ou dever.

Nuvens aparecem no céu de acordo com causas e condições. Elas se movem como devem se mover. A água flui de um plano superior para um inferior. O homem é parte da natureza. Por que não vivemos naturalmente? Quando nosso ego aparece, há tanta artificialidade e pretensão! Sim, a vida algumas vezes é dura – muito dura. Mas a vida deve ser vivida. Não podemos escapar. Ficamos doentes. Sem ninguém para ajudar. É a vida. Encare a realidade de frente e não seja derrotado. Não seja arrogante. Quando for difícil, aguente. Ajude os outros e seja ajudado. Esta é a forma natural.

Quando fazemos coisas, por menores que sejam, que possamos fazê-las cem por cento. Não cometemos muitos enganos nas coisas grandes da vida; cometemos nas coisas pequenas. A vida, no final das contas, é composta de coisas pequenas colocadas juntas. Cada ação deve ser feita cem por cento, de modo que, no final do dia, não haja arrependimento. Uma vida buddhista é uma vida sem arrependimentos.

Lavar seus pratos após ter comido é algo comum, uma coisa natural. O Buddhismo não é algo especial. Viva como o vento; viva como a água que flui. Faça tudo sincera e completamente – sua vida se tornará perfeita. Perfeita sem comparações, pois não há algo como um critério geral. Cada um vive sua verdadeira vida. Isto é o que o mestre queria dizer quando falou: “Depois de comer, lave os pratos”.


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