.

O Buddha, o fundador do Buddhismo, viveu há mais de 2.500 anos e é conhecido como Siddhattha Gotama [1]. Seu pai, Suddhodana, um rei kshatriya [2], governava a terra dos Sakyans em Kapilavatthu na fronteira do Nepal. Como descendia da família Gotama, ele era conhecido como Suddhodana Gotama. Mahamaya, princesa dos Koliyas, era a rainha de Suddhodana.

Em 623 a. C., numa noite de lua cheia em maio – na época de Vasant [3], quando na Índia as árvores estão repletas de folhas, flores e frutas, e o homem, o pássaro e a fera trazem o espírito alegre – a rainha Mahamaya viajava de Kapilavatthu para Devadaha, seu lar paterno, de acordo com os costumes da época, para dar à luz sua criança. Mas tal não aconteceria, pois a meio caminho entre as duas cidades, no belo arvoredo de Lumbini, sob a sombra da florida árvore Sal, ela trouxe ao mundo um menino.

Lumbini, ou Rummindei, o nome pelo qual é agora conhecido, está a cento e sessenta quilômetros ao norte de Varanasi e à vista dos Himalaias de cumes cobertos de neve. Nesse ponto memorável onde o príncipe Siddhattha, o futuro Buddha, nasceu, o imperador Asoka, 316 anos após o evento, erigiu um imponente pilar de pedra para marcar o lugar sagrado. A inscrição gravada no pilar em cinco linhas consiste de noventa e três caracteres Asoka, entre os quais ocorre o seguinte: “hida buddhe jate sakyamuni. Aqui nasceu o Buddha, o sábio dos Sakyans”.

Ainda se vê a imponente coluna. O pilar, tão firme hoje quanto no dia em que foi erigido, chegou mesmo a ser atingido por um relâmpago quando Hsuan-tsang, o peregrino chinês, o viu na metade do sétimo século depois de Cristo. A descoberta e identificação do Parque Lumbini em 1896 é atribuída ao renomado arqueologista General Cunningham.

No quinto dia após o nascimento do príncipe, o rei congregou oito sábios para escolher um nome para a criança e para dizer o futuro do bebê real. Ele foi nomeado Siddharta, que significa aquele cujo propósito foi alcançado. Os brahmanas deliberaram e sete deles ergueram dois dedos cada e declararam: “Ó Rei, este príncipe irá se tornar um cakravarti, um monarca universal, caso ele se digne a governar, mas caso renuncie ao mundo, ele se tornará um samma-sambuddha, um Ser Supremamente Iluminado, e irá libertar a humanidade da ignorância”. Mas Kondañña, o mais sábio e o mais jovem, após observar o príncipe, ergueu apenas um dedo e disse: “Ó Rei, este príncipe um dia irá em busca de verdade e se tornará um Buddha Supremamente Iluminado”.

A Rainha Mahamaya, a mãe, faleceu no sétimo dia após o nascimento da criança, e o bebê foi amamentado pela irmã da mãe, Pajapati Gotami. Embora a criança fosse criada em meio à abundância e ao luxo material, o pai não deixou de dar a seu filho a educação que um príncipe deve receber. Ele se tornou hábil em muitos ramos do conhecimento, e nas artes da guerra facilmente se sobressaía com relação aos demais. Ainda assim, desde a infância o príncipe era dado a sérias contemplações.

[1] Em sânscrito, Siddhartha Gautama.
[2] A classe guerreira.
[3] (N. do T.) Vasant ou Basant é um período de festividades em honra à deusa do conhecimento, Saraswati, que ocorre no princípio da primavera.

* Acompanhe esta série