~ Ajahn Chah

[1] Ficar ou ir não é tão importante, mas nosso pensamento é. Portanto, todos vocês, por favor, trabalhem juntos, cooperem e vivam em harmonia. Esse deveria ser o legado que vocês criam aqui, no Wat Pah Nanachat Bung Wai, o Mosteiro Internacional da Floresta do Distrito de Bung Wai. Não deixem que se torne Wat Pah Nanachat Woon Wai, o Mosteiro Internacional da Floresta da Confusão e da Aflição [2]. Seja quem vier morar aqui deveria ajudar a criar tal legado.

Da forma como vejo, os leigos estão provendo roupas, oferecendo alimentos, moradia e medicamentos em medida adequada. É verdade que são pessoas simples do povoado, mas elas, por sua fé, lhes dão apoio o melhor que podem. Não se deixem levar por suas ideias de como vocês pensam que elas deveriam ser, tal qual: “Oh, eu tento ensinar esses leigos, mas eles realmente me incomodam. Hoje é o dia da observância, e eles vieram praticar os preceitos. Aí, amanhã, eles vão voltar a jogar suas redes de pesca. Voltarão a tomar whisky. Eles fazem essas coisas lá onde ninguém pode vê-los. E então, no próximo dia da observância, eles vêm novamente. Eles praticam preceitos e escutam a palestra do Dhamma novamente, para então voltar a jogar suas redes de novo, matar animais de novo, e beber de novo”.

Vocês podem ficar bem irritados pensando dessa forma. Vocês pensarão que suas atividades com os leigos não trazem benefício algum. Hoje eles praticam os preceitos, e amanhã vão jogar suas redes de pesca. Um monge sem muita sabedoria pode acabar desencorajado e sentir que falhou, pensando que seu trabalho não produz frutos. Mas não é que seus esforços não têm resultados; são aqueles leigos que não obtém os resultados. É lógico que há um tanto de bons resultados ao se empenhar pela virtude. Portanto, quando ocorre tal situação, e começamos a sofrer por isso, o que deveríamos fazer?

Nós contemplamos dentro de nós mesmos para reconhecer que nossas boas intenções trouxeram algum benefício e têm algum sentido. Ocorre apenas que as faculdades espirituais dessas pessoas não estão desenvolvidas. Elas não são fortes ainda. Assim é por ora. Portanto, pacientemente, continuamos a lhes aconselhar. Se apenas desistirmos dessas pessoas, é bem provável que elas se tornem piores do que estão agora. Se continuarmos agindo, elas podem chegar à maturidade um dia e reconhecer suas ações descuidadas. Então elas sentirão algum remorso e passarão a sentir vergonha por ter feito tais coisas.

Agora mesmo, elas têm a fé para nos dar apoio com oferendas materiais, nos dando aquilo que precisamos para viver. Eu cheguei a esta consideração: isso é muito importante. Não é pouca coisa. Doar os alimentos, as moradias, os medicamentos para tratar nossas doenças, isso não é pouca coisa. Estamos praticando para alcançar o Nibbāna. Se não tivermos comida para comer, isso será bem difícil. Como nos sentaríamos em meditação? Como seríamos capazes de construir este mosteiro?

Nós deveríamos reconhecer quando as faculdades espirituais das pessoas ainda não estão maduras. Então o que deveríamos fazer? Somos como vendedores de remédios. Você provavelmente já os viu ou os ouviu dirigindo por aí com suas caixas de som vendendo seus diferentes remédios para diferentes males. Pessoas que têm fortes dores de cabeça ou fraca digestão podem vir a comprar [3].

Podemos aceitar dinheiro daqueles que compram nossos remédios; não recebemos dinheiro de alguém que não compra nada. Podemos nos sentir alegres pelas pessoas que compram algo. Se os outros ficam em suas casas e não vêm para comprar, não deveríamos ficar nervosos com eles por conta disso. Não deveríamos criticá-los.

Se ensinarmos às pessoas, mas elas não conseguirem praticar apropriadamente, não deveríamos ficar nervosos com elas. Não fique! Não as critique, ao invés disso continue a instruí-las e guiá-las adiante. Quando suas faculdades tiverem amadurecido suficientemente, então elas irão querer fazê-lo. Assim como quem vende remédios, nós apenas continuamos fazendo nosso trabalho. Quando as pessoas têm doenças que as afligem, elas irão comprar. Aqueles que não veem necessidade de comprar remédios provavelmente não estão sofrendo de nenhuma dessas condições. Portanto, deixe pra lá.

Mantendo essa atitude, tais problemas irão acabar. Tais situações ocorriam nos tempos do Buddha também.

Queremos fazer o certo, mas não conseguimos chegar lá ainda; nossas próprias faculdades não estão suficientemente maduras. Nossas pāramī (perfeições espirituais) não estão completas. É como uma fruta que ainda está crescendo na árvore. Não se pode forçá-la a ser doce – ela ainda não está madura, é pequena e amarga, simplesmente porque ainda não acabou de crescer. Não dá pra forçá-la a ser maior, doce, madura – você precisa deixá-la amadurecer de acordo com sua natureza. À medida que o tempo passa e as coisas mudam, as pessoas podem alcançar maturidade espiritual. À medida que o tempo passa, a fruta irá crescer, amadurecer e ficar doce por seus próprios meios. Com tal atitude, você pode ficar à vontade. Mas se você for impaciente e insatisfeito, ficará se perguntando: “Por que esta manga ainda não está doce? Por que está amarga?” Está amarga porque não está madura. Tal é a natureza da fruta. 

As pessoas no mundo são assim. Isso me faz pensar no ensinamento do Buddha sobre os quatro tipos de lótus. Alguns ainda estão na lama, alguns cresceram para fora da lama, mas ainda estão embaixo d’água, alguns estão na superfície d’água, e alguns cresceram para cima d’água e floresceram. O Buddha pôde dar seus ensinamentos a vários seres porque ele conhecia seus diferentes níveis de desenvolvimento espiritual. Deveríamos pensar nisso e não nos sentirmos oprimidos pelo que ocorre aqui. É só se considerar como alguém vendendo remédios. Sua responsabilidade é anunciar e torná-los acessíveis. Se alguém estiver doente, é provável que ele venha e compre. Da mesma forma, se a faculdade espiritual das pessoas amadurece suficientemente, um dia é provável que elas venham a desenvolver fé. Não é algo que podemos forçá-las a fazer. Enxergando dessa forma, nós ficamos bem.

Viver aqui neste mosteiro é certamente significativo. Não é sem benefício. Todos vocês, por favor, pratiquem juntos harmoniosa e amistosamente. Quando vierem a experimentar obstáculos e sofrimento, lembrem-se das virtudes do Buddha. Qual foi o conhecimento compreendido pelo Buddha? O que o Buddha ensinou? O que o Dhamma aponta? Como o Sangha pratica? Recordar constantemente as qualidades das Três Joias traz um monte de benefícios.

Quer você seja tailandês ou vindo de outro país, não importa. O importante é manter a harmonia e trabalhar juntos. As pessoas vêm de todos os lugares para visitar este mosteiro. Quando o povo vem para Wat Pah Pong, eu os incito a vir pra cá, para ver o mosteiro, para praticar aqui. É um legado que você está criando. Parece que a população tem fé e se sente contente por isso. Portanto, não se esqueçam de vocês mesmos. Vocês devem guiar as pessoas ao invés de ser guiados por elas. Façam o seu melhor para praticar bem e se estabelecer com firmeza, e bons resultados virão.

Há aqui alguma dúvida sobre a prática que vocês precisam resolver agora?

Pergunta: Quando a mente não está pensando muito, mas se encontra em um estado um tanto obscuro e desfocado, há algo que podemos fazer para clareá-la? Ou devemos apenas nos sentar com ela?

Ajahn Chah: Isso ocorre o tempo todo ou apenas quando você se senta em meditação? Como exatamente é essa escuridão? Trata-se de uma falta de sabedoria?

Pergunta: Quando me sento para meditar, eu não fico sonolento, mas minha mente se sente obscura, meio que densa ou opaca.

Ajahn Chah: Então você gostaria de tornar sua mente sábia, certo? Mude sua postura e pratique um bocado de meditação andando. Isto é uma coisa a se fazer. Você pode andar por três horas de uma vez, até que esteja realmente cansado.

Pergunta: Eu pratico meditação andando durante umas duas horas por dia, e normalmente me ocorre um monte de pensamentos quando o faço. Mas o que realmente me preocupa é esse estado obscuro quando eu me sento. Deveria apenas tentar me tornar consciente disso e deixar passar, ou há meios que devo usar para lutar contra isso?

Ajahn Chah: Eu penso que suas posturas não estão balanceadas. Quando você anda, você tem um monte de pensamentos. Portanto, você deveria praticar um bocado de contemplação discursiva; assim a mente poderá se retirar do pensamento. Ela não ficará presa. Mas deixa pra lá. Por ora, aumente a duração da sua meditação andando. Foque nisso. Então, se a mente estiver vagando, agarre-a e pratique alguma contemplação como, por exemplo, investigação do corpo. Isso já aconteceu a você continuamente ao invés de ser um reflexo ocasional? Quando você experimenta tal estado obscuro, você sofre com isso?

Pergunta: Eu me sinto frustrado devido ao meu estado mental. Eu não estou desenvolvendo samādhi ou sabedoria.

Ajahn Chah: Quando você tem essa condição mental, o sofrimento surge devido ao desconhecimento. Há dúvida sobre o porquê de a mente ser assim. O princípio importante na meditação é que, o que quer que ocorra, não fique em dúvida quanto a isso. A dúvida apenas aumenta o sofrimento. Se a mente estiver clara e desperta, não duvide disso. É uma condição da mente. Se estiver obscura e incerta, não duvide disso. Apenas continue a praticar diligentemente, sem se deixar levar pelas reações de tal estado. Significa tomar nota e estar ciente do seu estado mental, não ter dúvidas quanto a isso. É apenas o que é. Quando você alimenta as dúvidas e passa a segurá-las e a dar um sentido a elas, então há escuridão.

À medida que você pratica, esses estados são coisas que irá encontrar enquanto progride. Você não precisa ter dúvidas sobre esses estados. Tome nota deles, com consciência, e continue a deixá-los passar. E quanto à sonolência? O seu sentar é mais sonolento ou desperto?

(Sem resposta)

Talvez seja difícil se recordar se você tem estado sonolento! Se isso acontecer, medite com os olhos abertos. Não os feche. Ao invés disso, você pode focar seu olhar sobre um ponto, tal qual a luz de uma vela. Não feche seus olhos! Essa é uma forma de remover o entrave que é a sonolência.

Quando estiver sentado, você pode fechar seus olhos de tempos em tempos e, caso a mente esteja clara, sem sonolência, você pode então continuar a se sentar com os olhos fechados. Se estiver desfocado e sonolento, abra seus olhos e foque naquele ponto. É parecido com a meditação de kasina. Fazendo isso, você pode deixar a mente desperta e tranquila. A mente sonolenta não é tranquila; ela é obscurecida por impedimentos e está na escuridão.

Nós devemos falar sobre sono também. Você simplesmente não pode permanecer sem dormir. Essa é a natureza do corpo. Se você estiver meditando e ficar insuportavelmente, totalmente sonolento, então se deixe dormir. Essa é uma forma de acabar com o obstáculo que estiver lhe dominando. De outra forma, você pratica junto, mantendo os olhos abertos caso sinta essa tendência de ficar sonolento. Feche os olhos depois de um tempo e cheque seu estado mental. Se estiver claro, você pode praticar com os olhos fechados. Então, depois de um tempo, você dá uma descansada. Algumas pessoas estão sempre lutando contra o sono. Elas se forçam a não dormir, e o resultado disso é que quando elas se sentam, elas estão sempre a ponto de dormir e cair sobre si mesmas, sentadas em um estado inconsciente.

Pergunta: Podemos focar na ponta do nariz?

Ajahn Chah: Pode sim. O que quer que sirva para você, que lhe faça se sentir confortável e lhe ajude a direcionar sua mente, foque nisso.

É mais ou menos assim: se nos apegarmos aos ideais e tomarmos as orientações que nos são dadas nas instruções de forma muito literal, pode ficar difícil de entender. Quando estivermos fazendo uma meditação padrão, como a consciência na respiração, primeiro devemos fazer uma determinação de que, agora mesmo, estaremos realizando esta prática, e faremos da consciência na respiração a nossa fundação. Apenas focamos na respiração em três pontos, que são: a passagem do ar pelas narinas, pelo peito e pelo abdômen. Quando o ar entra, ele passa primeiro pelo nariz, depois pelo peito e vai até o ponto final, que é o abdômen. Quando o ar deixa o corpo, o começo é o abdômen, então o meio do peito e por fim o nariz. Nós apenas percebemos. Esta é uma forma de começar a controlar a mente, concentrando a atenção nestes três pontos no início, meio e fim de cada inspiração e expiração.

Antes de começarmos devemos primeiro sentar e deixar a mente relaxar. É parecido com costurar um manto numa máquina de costura. Quando estivermos aprendendo a usar a máquina de costura, primeiro nós apenas nos sentamos em frente à máquina, para nos familiarizarmos com ela e nos sentirmos confortáveis. Aqui, apenas sentamos e respiramos. Sem fixar a atenção em nada, nós simplesmente tomamos nota de que estamos respirando. Tomamos nota se a respiração é relaxada ou não, e quão longa ou curta é sua duração. Tendo notado isso, começamos então a focar na inspiração e na expiração nos três pontos.

Praticamos assim até que nos tornemos competentes nisso, de forma suave. O próximo passo é focar a consciência apenas na sensação da respiração na ponta do nariz ou no lábio superior. Nesse ponto, não estamos preocupados se a respiração é longa ou curta, mas apenas focamos na sensação de entrada e saída do ar.

Diferentes fenômenos podem ocorrer aos sentidos, ou pensamentos podem surgir. Isso é chamado de pensamento inicial (vitakka). A mente traz alguma ideia, seja sobre a natureza do fenômeno composto (sankhārā), sobre o mundo ou que quer que seja. Uma vez que a mente traz isso à tona, irá buscar se envolver e se fundir com isso. Caso seja um objeto saudável, então deixe a mente fazê-lo. Se for algo não saudável, então interrompa imediatamente. Se for algo saudável então deixe a mente contemplá-lo, e então alegria, satisfação e felicidade surgirão. A mente estará clara e brilhante e o ar fluirá para dentro e para fora enquanto a mente vier com esses pensamentos iniciais. Então, se tornará pensamento discursivo (vicāra). A mente desenvolverá familiaridade com o objeto, exercendo a si mesma enquanto se funde a isso. Nesse ponto, não há sonolência.

Após um período apropriado, leve sua atenção de volta à respiração. Então, enquanto continua haverá o pensamento inicial e o pensamento discursivo, pensamento inicial e pensamento discursivo. Se estiver contemplando habilmente um objeto tal qual a natureza do sankhāra, então a mente irá experimentar profunda tranquilidade e regozijo. Haverá vitakka e vicāra, e isso levará à felicidade da mente. Nesse momento não haverá torpor ou sonolência. A mente não ficará obscura se praticarmos assim. Ela ficará alegre e em êxtase.

Esse êxtase começará a diminuir e a desaparecer após um tempo, de tal forma que você terá o pensamento inicial de novo. A mente se tornará firme e determinada quanto a isso – sem distrações. Então você volta ao pensamento discursivo novamente, a mente e esse pensamento se tornarão uma coisa só. Quando você está praticando uma meditação que serve bem ao seu temperamento, e fazendo-lhe bem, então sempre que você tomar tal objeto, o êxtase se manifestará: os pelos do corpo se levantarão e a mente estará regozijada e saciada. 

Quando for assim, não haverá qualquer tédio ou sonolência. Você não terá quaisquer dúvidas. Ir e vir do pensamento inicial e do pensamento discursivo, pensamento inicial e pensamento discursivo, repetidas vezes e o êxtase surge. Então haverá sukha (bênção)

Isso ocorre na meditação sentada. Após se sentar por um tempo, você pode se levantar e praticar a meditação andando. A mente poderá ser a mesma na caminhada. Sem sonolência, ela tem vitakka e vicāra, vitakka e vicāra, e então êxtase. Não haverá qualquer nīvarana [4], e a mente estará imaculada. O que quer que ocorra, deixe para lá; você não precisa duvidar de quaisquer experiências que venha a ter, seja de luz, regozijo ou o que seja. Não entretenha dúvidas sobre tais condições mentais. Se a mente está obscura, se a mente está iluminada, não se fixe nessas condições, não se apegue a elas. Deixe-as passar, descarte-as. Continue andando, continue notando o que está ocorrendo sem se prender ou se empolgar. Não sofra com essas condições mentais. Não tenha dúvidas sobre elas. Elas são apenas o que são, seguindo a lógica dos fenômenos mentais. Às vezes a mente será plena de alegria. Às vezes será infeliz. Poderá haver felicidade ou sofrimento; poderá haver obstáculos. Ao invés de dúvidas, entenda que as condições da mente são essas; o que quer que se manifeste, está vindo devido a causas amadurecendo. Nesse momento essa condição está se manifestando; é isso que você deve reconhecer. Mesmo se a mente estiver obscura, você não precisa se incomodar com isso. Se ela torna-se clara, não fique exageradamente alegre com isso. Não tenha dúvidas sobre tais condições da mente, ou sobre suas reações a elas.

Pratique sua meditação andando até que se sinta realmente cansado, então se sente. Quando sentar, determine que sua mente se sente também; não faça rodeios. Caso se sinta sonolento, abra seus olhos e foque sobre algum objeto. Caminhe até que sua mente separe a si mesma dos pensamentos e esteja imóvel, então se sente. Caso esteja consciente e acordado, você poderá fechar os olhos. Caso fique sonolento de novo, abra seus olhos e olhe para um objeto.

Não tente fazer isso o dia e a noite toda. Quando precisar dormir, se permita dormir. É como com a nossa comida: uma vez ao dia, nós comemos. A hora chega, e damos comida para o corpo. A necessidade do sono é a mesma. Quando a hora chega, se permita um descanso. Quando tiver tido um descanso apropriado, se levante. Não deixe a mente se definhar em tédio, se levante e vá trabalhar – comece a praticar. Pratique bastante meditação andando. Se você andar devagar e a mente ficar entediada, então ande mais rápido. Aprenda a encontrar o seu ritmo.

Pergunta: Vitakka e vicāra são a mesma coisa?

Ajahn Chah: Você está sentado e de repente a imagem de alguém surge em sua cabeça – isso é vitakka, o pensamento inicial. Então você pega essa ideia da pessoa e começa a pensar sobre ela em detalhes. Vitakka capta a ideia, vicāra a investiga. Por exemplo, captamos a ideia de morte e então começamos a fazer considerações: “Eu vou morrer, outros vão morrer, todo ser vivo irá morrer; quando eles morrem, para onde vão?”. Nesse caso, pare! Pare e volte um pouco. Quando começar a correr desse jeito, pare de novo; e então retorne a consciência à sua respiração. Às vezes o pensamento discursivo vai numa viagem sem volta, portanto você precisa pará-lo. Continue assim até que a mente esteja clara e iluminada.

Se você pratica vicāra com um objeto que lhe serve bem, você pode vir a experimentar os pelos do seu corpo se levantando, lágrimas saindo de seus olhos, um estado de extrema satisfação, uma variedade de coisas como regozijo virão.

Pergunta: Isso pode ocorrer com qualquer tipo de pensamento, ou apenas ocorre num estado de tranquilidade?

Ajahn Chah: Ocorre quando a mente está tranquila. Não é uma proliferação mental comum. Você se senta com uma mente calma e então o pensamento inicial surge. Por exemplo, eu penso no meu irmão que recentemente faleceu. Ou eu penso em outros parentes. Isso é quando a mente está tranquila – a tranquilidade não é algo certo, mas nesse momento a mente está tranquila. Após esse pensamento inicial, eu vou para o pensamento discursivo. Se for uma linha de pensamento segura e saudável, então leva ao alívio mental e felicidade, e então há regozijo junto às experiências que se seguem. Tal regozijo surge do pensamento inicial e discursivo que ocorrem em um estado de serenidade. Não é preciso dar nomes como primeiro jhāna, segundo jhāna, etc. Apenas o chamamos tranquilidade.

O próximo fator é  bênção (sukha). Eventualmente deixamos de lado o pensamento inicial e discursivo à medida que a tranquilidade se aprofunda. Por que? O estado mental está se tornando mais refinado e sutil. Vitakka e vicāra são relativamente grosseiros, e irão sumir. Irá sobrar apenas o êxtase acompanhado de bênção e a concentração mental em um ponto. Quando alcançar medida plena, não haverá nada, a mente estará vazia. Essa é a concentração de absorção.

Não precisamos nos fixar ou nos prolongar em nenhuma dessas experiências. Elas irão naturalmente progredir de uma para a próxima. A principio, há pensamento inicial e discursivo, regozijo, êxtase e concentração. Então, o pensamento inicial e discursivo são abandonados, deixando êxtase, bênção e unifocamento. O êxtase vai embora [5], e então a bênção também, e finalmente apenas unifocamento e equanimidade prevalecem. Isso significa que a mente está se tornando mais e mais tranquila, e seus objetos estão gradualmente diminuindo, até que não haja nada além de unifocamento e equanimidade.

Quando a mente está tranquila e focada isso pode ocorrer. É o poder da mente, o estado mental que atingiu tranquilidade. Quando ocorrer assim, não haverá qualquer sonolência. Ela não poderá entrar na mente; irá desaparecer. Quanto aos outros obstáculos como desejo sensorial, aversão, dúvida, inquietude e agitação, eles simplesmente não estarão presentes. Apesar deles ainda poderem existir latentes na mente do meditante, eles não irão ocorrer nesse momento.

Pergunta: Devemos fechar nossos olhos para nos desligar do ambiente externo ou devemos lidar com as coisas quando as vemos? É importante abrirmos ou fecharmos os olhos?

Ajahn Chah: Quando somos novos no treinamento, é importante evitar muito contato sensorial, portanto é melhor deixar os olhos fechados. Sem olhar para objetos que possam nos distrair e nos afetar, nós desenvolvemos força mental. Quando a mente é forte então podemos abrir os olhos e o que quer que enxergamos não nos influenciará. Aberto ou fechado não importará.

Quando você descansa, você normalmente fecha os olhos. Sentar em meditação com os olhos fechados é a morada do praticante. Encontramos prazer e descanso nisso. E essa é uma base importante para nós. Mas quando não estivermos sentados em meditação, não seremos capazes de lidar com as coisas? Nos sentamos de olhos fechados e nos beneficiamos disso. Quando abrimos os olhos e deixamos a meditação formal, podemos lidar com o que quer que encontremos. As coisas não sairão de controle. Não estaremos perdidos. Basicamente estamos apenas conduzindo as coisas. É quando voltamos a nos sentar que realmente desenvolvemos uma sabedoria maior.

É assim que desenvolvemos a prática. Quando ela atinge sua concretização, então não importa se deixamos os olhos abertos ou fechados, vai dar no mesmo. A mente não irá mudar ou se desviar. Toda a hora do dia – manhã, tarde ou noite – o estado mental será o mesmo. Habitamos nesse estado. Nada pode balançar a mente. Quando a felicidade surge, reconhecemos “isto não é certo de ocorrer” e então ela passa. Infelicidade surge e reconhecemos “isto não é certo de ocorrer” e é assim. Surge em você a ideia de que você quer deixar o mosteiro. Isto não é certo de ocorrer. Mas você pensa que é. Antes você queria ser ordenado um monge, e você estava tão seguro disso. Agora você está seguro de que quer deixar o mosteiro. É tudo incerto, mas você não enxerga devido à escuridão da mente. Sua mente está contando mentiras: “Estando aqui, estou apenas perdendo tempo”. Se você largar o mosteiro e voltar ao mundo, você não irá perder tempo lá? Você não pensa nisso. Deixar o mosteiro para trabalhar nos campos e jardins, para cultivar feijão ou criar porcos e cabras, isso não será uma perda de tempo?

Outrora havia um grande lago repleto de peixes. À medida que o tempo passava, a chuva diminuiu e o lago ficou seco. Um dia, um pássaro surgiu na beira do lago. Ele contou ao peixe: “Sinto muito por você peixe. Aqui você quase não tem água suficiente para manter suas costas molhadas. Você não sabia que, não muito longe daqui, há uma grande lagoa, com vários metros de profundidade, onde os peixes nadam felizes?”

Quando os peixes no lago raso ouviram isso, ficaram excitados. Eles disseram ao pássaro: “Parece bom. Mas como chegamos até lá?”

O pássaro disse: “Sem problema. Eu posso carregá-los em meu bico, um de cada vez”.

Os peixes discutiram entre si. “Este lago já não é tão grande. A água não chega a cobrir nem nossas cabeças. Devemos ir”. Então fizeram fila para serem levados pelo pássaro.

O pássaro levou um peixe de cada vez. Assim que ele voava para além da vista do lago, ele pousava e comia o peixe. Então ele retornava ao lago e contava a eles: “Seus amigos estão agora nadando felizes na lagoa, e estão perguntando quando você vai se juntar a eles!”

Aquilo soava fantástico para os peixes. Eles não podiam esperar para ir, então começaram a se empurrar para chegar ao início da fila.

O pássaro acabou com todos os peixes dessa maneira. Então ele voltou ao lago para descobrir se encontrava mais algum. Havia apenas um caranguejo lá. Então o pássaro começou seu argumento de venda sobre a lagoa.

O caranguejo era cético. Ele perguntou ao pássaro como podia chegar lá. O pássaro disse que podia carregá-lo em seu bico. Mas esse caranguejo tinha alguma sabedoria. Ele disse ao pássaro: “Vamos fazer desse modo – eu me sento nas suas costas com meu braço ao redor de seu pescoço. Se você tentar qualquer truque, eu te sufoco com minhas garras”.

O pássaro se sentiu frustrado com isso, mas deu uma chance pensando que poderia de alguma forma comer o caranguejo. Então o caranguejo subiu em suas costas e eles decolaram.

O pássaro voou procurando por um bom lugar para aterrissar. Mas assim que tentou pousar, o caranguejo começou a sufocar seu pescoço com suas garras. O pássaro não conseguia nem gritar. Ele apenas emitiu um seco grasnado. Então, no fim, ele teve que desistir e retornar o caranguejo ao lago.

Espero que vocês tenham a sabedoria do caranguejo! Se forem como aqueles peixes, irão ouvir as vozes que dizem como tudo será maravilhoso caso voltem para o mundo. Esse é um obstáculo que as pessoas ordenadas encontram. Sejam cuidadosos quanto a isso.

Pergunta: Por que ocorre que os estados mentais desagradáveis são difíceis de se enxergar com clareza, enquanto estados agradáveis são fáceis de se enxergar? Quando experimento felicidade ou prazer, consigo ver que é algo impermanente, mas quando estou infeliz, isso é mais difícil de se ver.

Ajahn Chah: Você está pensando em termos de sua atração e aversão e tentando entender, mas na verdade a ilusão é a raiz predominante. Você sente que a infelicidade é difícil de se ver enquanto a felicidade é fácil de se ver. Essa é apenas a forma que suas aflições operam. É difícil deixar a aversão ir, certo? É uma sensação forte. Você diz que é fácil deixar ir a felicidade. Não é tão fácil na verdade; só não é tão avassalador. Prazer e felicidade são coisas que as pessoas gostam, com as quais se sentem confortáveis. Não é fácil deixá-las ir. A aversão é dolorosa, mas as pessoas não sabem como deixá-la ir. A verdade é que elas são iguais. Quando você as contempla cuidadosamente e chega a um certo ponto, você rapidamente reconhece que elas são iguais. Se você tivesse uma balança para pesá-las, o peso delas seria o mesmo. Mas nós nos inclinamos em direção ao prazer.

Você está dizendo que pode abandonar a felicidade facilmente, enquanto é difícil abandonar a infelicidade? Você pensa que é fácil se desapegar das coisas que gostamos, mas está se perguntando por que é difícil se desapegar das coisas que não gostamos. Mas se elas não são boas, por que é tão difícil se desfazer delas? Não é assim. Pense de novo. Elas são completamente iguais. Apenas ocorre que não nos inclinamos para elas de forma igual. Quando há infelicidade, nos sentimos chateados, queremos que ela vá embora rapidamente, então sentimos que é difícil se livrar dela. A felicidade geralmente não nos incomoda, então nos tornamos amigos dela e sentimos que podemos deixá-la ir com facilidade. Não é assim; ela só não está oprimindo e apertando nossos corações, apenas isso. A infelicidade nos oprime. Pensamos que um tem mais valor ou peso que o outro, mas na verdade elas são iguais. É como o calor e o frio. Podemos ser queimados até a morte pelo fogo. E também podemos ficar congelados pelo frio e morrer da mesma forma. Um não é maior que o outro. Felicidade e sofrimento são assim, mas no nosso pensamento, damos valores diferentes a cada um.

Ou considere o elogio e a crítica. Você sente que é fácil se desapegar do elogio, e que com a crítica é difícil? Eles são realmente iguais. Mas quando nós somos elogiados, não nos sentimos perturbados; nos sentimos elogiados, mas isso não é um sentimento que machuca.  Crítica é dolorosa, portanto, sentimos que é difícil deixá-lo ir. A sensação de ser elogiado também é difícil de se desapegar, mas somos parciais quanto a isso de tal forma que não temos o mesmo desejo de nos livrar dessa sensação rapidamente. A satisfação de ser elogiado e a ferroada que sentimos ao sermos criticados são iguais. São a mesma coisa. Mas quando nossas mentes encontram tais coisas, temos reações diferentes com cada uma delas. Não nos importamos em estar mais próximos de algumas delas.

Por favor, entenda isso. Durante nossa meditação, perceberemos o surgimento de todos os tipos de aflições mentais. A perspectiva correta é estar pronto para deixar tudo passar, seja algo prazeroso ou doloroso. Mesmo que a felicidade seja algo que desejamos e o sofrimento algo que não desejamos, nós reconhecemos que eles são de igual valor. Essas são coisas que iremos experimentar.

A felicidade é desejada pelos povos do mundo. O sofrimento não é desejado. Nibbāna é algo além do desejável ou indesejável. Você compreende? Não há desejo envolvido em Nibbāna. Querer obter a felicidade, querer ser livre do sofrimento, querer transcender a felicidade e o sofrimento – não há nenhuma destas coisas. É a paz.

Da forma como enxergo, perceber a verdade não ocorre ao depender dos outros. Você deve entender que todas as dúvidas serão resolvidas por nossos próprios esforços, através da prática contínua e energética. Não nos livraremos da dúvida perguntando aos outros. Apenas cessaremos a dúvida através de nossos incessantes esforços.

Lembre-se disto! É um princípio importante na prática. A ação real é o que vai lhe instruir. Você chegará a conhecer todo o certo e errado. “Os brāhmaṇas irão atingir a exaustão da dúvida através da prática incessante”. Não importa para onde vamos – tudo pode ser resolvido através de nossos próprios esforços incessantes. Mas não conseguimos permanecer firmes nisso. Não conseguimos suportar as dificuldades que encontramos; achamos difícil encarar nosso sofrimento e não fugir dele. Se nós o encararmos e lidarmos com ele, então conquistaremos conhecimento, e a prática começa a nos instruir automaticamente, nos ensinando sobre o certo e o errado e a forma como as coisas realmente são. Nossa prática irá nos mostrar as falhas e os resultados nocivos dos nossos pensamentos errados. Realmente funciona desta forma. Mas é difícil encontrar pessoas que enxerguem desta forma. Todos querem o despertar instantâneo. Correndo pra cá e pra lá seguindo seus impulsos, você apenas acaba dificultando o processo. Seja cuidadoso nisso.

Eu tenho ensinado que tranquilidade é quietude; o fluxo é sabedoria. Nós praticamos meditação para acalmar a mente e deixá-la quieta; então ela pode fluir.

No início aprendemos o que é a água parada e o que é água fluindo. Após praticar por um tempo iremos perceber como essas duas se apoiam uma à outra. Precisamos fazer a mente ficar calma, como a água parada. Então ela flui. Ambas sendo paradas e fluidas: isso não fácil de contemplar.

Podemos entender que água parada não flui. Podemos entender que a água fluindo não está parada. Mas quando praticamos, tomamos proveito de ambas. A mente de um verdadeiro praticante é como a água parada que flui, ou como a água fluindo que está parada. O que quer que ocorra na mente de um praticante do Dhamma é como a água fluindo que está parada. Dizer que ela está apenas fluindo não é correto. Apenas parada não é correto. Mas normalmente, água parada está parada e a água que flui está fluindo. Mas quando temos experiência na prática, nossas mentes estarão nessa condição de água fluindo que está parada.

Isso é algo que nunca tínhamos visto. Quando vemos a água fluindo, ela está apenas fluindo adiante. Quando vemos água parada, ela não flui. Mas dentro de nossas mentes, será realmente assim; como água fluindo que está parada. Na nossa prática do Dhamma temos samādhi, ou tranquilidade, e sabedoria combinadas. Temos moralidade, meditação e sabedoria. Então, onde quer que nos sentamos, a mente está parada e flui. Água parada, fluindo. Com estabilidade meditativa e sabedoria, tranquilidade e introspecção, é assim. O Dhamma é assim. Se você tiver atingido o Dhamma, então todas as vezes você irá ter essa experiência. Estar tranquilo e ter sabedoria: fluindo, apesar de parado. Parado, apesar de fluindo.

Quando quer que isto ocorra na mente de alguém que pratica, é algo diferente e estranho; é diferente da mente ordinária que se tem conhecido até então. Antes, quando estava fluindo, ela fluía. Quando estava parada, ela não fluía, e sim ficava apenas parada – a mente pode ser comparada à água dessa forma. Agora entrou em uma condição que é como água que flui e está parada. Seja em pé, caminhando, sentando ou deitando, é como água que flui porém está parada. Tornando nossas mentes assim, há tranquilidade e sabedoria.

Qual o propósito da tranquilidade? Por que deveríamos ter sabedoria? Elas servem apenas ao propósito de nos libertar do sofrimento, nada mais. No presente estamos sofrendo, vivendo com dukkha, sem entender dukkha, e portanto se apegando a ela. Mas se a mente estiver como estive falando, então haverá vários tipos de conhecimento. A pessoa irá conhecer o sofrimento, conhecerá a causa do sofrimento, conhecerá a cessação do sofrimento e conhecerá o caminho da prática para chegar ao fim do sofrimento. Estas são as Nobre Verdades. Elas aparecerão por si próprias quando houver água parada, fluindo.

Quando ocorrer desta forma, então não importa o que estivermos fazendo, não estaremos desatentos; o hábito da desatenção irá se enfraquecer e desaparecerá. O que quer que experimentemos, não cairemos em desatenção, pois a mente irá naturalmente se segurar rápido à prática. Ela ficará com medo de perder a prática. À medida que praticamos e aprendemos da experiência, estaremos bebendo do Dhamma mais e mais, e nossa fé continuará se intensificando.

Para quem pratica, ocorre desta forma. Não devemos ser o tipo de pessoa que apenas segue os outros: se nossos amigos não estão fazendo a prática, nós também não o faremos porque senão nos sentiremos constrangidos. Se eles pararem, nós paramos. Se eles o fazem, nós o fazemos. Se o professor nos disser para fazermos algo, nós o faremos. Se ele parar, nós paramos. Este não é um caminho muito rápido para a compreensão.

Qual o sentido do nosso treinamento aqui? É para que quando estivermos sozinhos, consigamos manter a nossa prática. Portanto agora, enquanto vivemos juntos aqui, quando há encontros pela manhã e à tarde para praticarmos, nos juntamos e praticamos com os outros. Nós desenvolvemos o hábito para que o caminho da prática se internalize em nossos corações, e então seremos capazes de viver em qualquer lugar e ainda assim praticar da mesma forma.

É como ter um certificado de garantia. Se o Rei estiver vindo para cá, prepararemos tudo com toda perfeição que pudermos. Ele fica por um curto período e logo segue o seu caminho, mas deixa seu selo real para reconhecer que as coisas estão em ordem por aqui. Agora, muitos de nós estamos praticando juntos, e é hora de aprender a fundo a prática, entendê-la e internalizá-la de tal forma que cada um de vocês possa ser testemunha de si mesmo. Como uma criança se tornando madura.

Notas

[1] Uma grande parte desta conversa do Dhamma foi anteriormente publicada sob o título “Livre da Dúvida”.

[2] Um dos jogos de palavra favoritos de Ajahn Chah.

[3] Essa é uma forma comum de fazer negócios na Ásia, especialmente nas vilas e em pequenas cidades, mas também nas cidades Japonesas: um caminhão pickup dirige com um alto falante e produtos à venda.

[4] Nīvarana são os cinco entraves: desejo, raiva, inquietude e agitação, preguiça e torpor, dúvida.

[5] As escrituras normalmente dizem: “com a dissipação do êxtase”.


Traduzido por Gabriel Lavinsky Jardim para o Centro de Estudos Buddhistas Nalanda
com a permissão dos detentores do copyright
© 2019 Edições Nalanda

Nota: “Os Ensinamentos de Ajahn Chah” consiste de uma coletânea de ensinamentos dados por um dos mais importantes mestres da tradição das florestas da linhagem Theravada da Thailândia.


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