Os objetos de crítica

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Os objetos de crítica

O Sr. Michael Beisert é dono de um site que está anunciado da seguinte forma: “O … é um site dedicado a fornecer informações precisas, confiáveis e úteis relativas à prática e estudo do Budismo Theravada”. Em seus Princípios Editoriais está que “Evitamos apresentar nossas opiniões e entendimentos, preferindo ao invés disso permitir que as passagens dos suttas falem por si mesmas”.

Durante os primeiros tempos do site isso é o que ele indicava como intenção. Tanto quanto foi fiel a esta intenção original ele recebeu nosso inteiro apoio e incentivo, como pode ser constatado no histórico de nossas listas e blogs. Mais tarde, à medida que o site foi se tornando conhecido, o Sr. Michael Beisert, apesar de manter a definição original constando no site, foi cada vez mais se permitindo escrever suas opiniões e entendimentos pessoais, incluindo críticas a instituições e pessoas com as quais não concorda, e fazendo-o da forma particular que ele o faz.

Para veicular suas críticas sobre o que deve ser o “verdadeiro Budismo”, ele se utiliza de seu site (que, lembremos, em sua origem: “Evita[va] apresentar [suas] opiniões e entendimentos), além de emails pessoais, listas de discussão e fóruns públicos, no que é seguido por alguns de seus amigos e admiradores que também se ocupam de espalhar suas opiniões e modo de fazê-lo, pelos mesmos meios.

Eis um exemplo da forma como ele se expressa: Apesar de seu site indicar que as traduções que faz são para distribuição gratuita, ele seleciona a quem dá tal “permissão”. Comentando o blog de outra pessoa que publicou uma tradução sua, ele publica: “Não teve nem a coragem de postar o comentário que fiz sobre esse sutta que você está tomando do meu site? Isso é quebra de preceito monástico – tomar aquilo que não é dado. O que confirma que você não passa de um monge picareta… Continuo de olho em você e pode ter certeza que aqueles recursos que tenho que serviriam para apoiá-lo se você fosse uma pessoa honesta serão empregados para que sua causa não prospere. Portanto não desperdice o seu tempo e mude de ramo” (assinado: Michael Beisert).  Não apenas o Sr. Beisert agride alguém por ter publicado algo que ele mesmo diz que é para distribuição gratuita, mas ameaça de usar seus recursos financeiros para que sua causa não prospere.

No entanto, o objetivo desta resposta não é relatar como o Sr. Michael Beisert se comporta em outros lugares. Os objetos de crítica, ou frustração, do Sr. Michael Beisert, nessa “carta aberta” em particular, são basicamente dois: a minha pessoa e o CBB (Colegiado Buddhista Brasileiro).

Suas acusações são as seguintes:

A mim:

  • Utilizo de um falso título para “impressionar aqueles que não estão familiarizados com o Budismo Theravada, bem como os incautos e os ingênuos”.
  • Que a afirmação constante em minha “biografia de ter recebido ‘certificação como dhammacariya (professor de Dharma)’ é incorreta e enganosa”.
  • Que “ostent[o] o título de Mahasadhammajotikadhaja” e que devido a isso eu “reconhe[ço] e sancion[o] a ditadura vigente no país” de origem do título.
  • Que uso meus títulos “como muleta”.
  • Que a vinculação de minha pessoa como sendo um estudante do mestre budista Buddhadasa e deste à tradição das florestas da Tailândia “parece ser uma maneira esperta e sutil de atribuir-[me] um tipo de qualificação que na verdade não é possuída”.
  • Que eu tenho “uma atitude extremamente discriminatória em relação aos demais grupos do Budismo Theravada no Brasil”, pois (1) eles não aparecem citados na página “Com quem Andamos” do Nalanda; (2) o Sr. Michael Beisert é censurado nas 2 listas de budismo que sou ‘owner’ e moderador no site do Yahoo; (3) eu teria criticado traduções de escrituras que não fossem feitas a partir da língua pali.
  • Que o motivo de minha atitude discriminatória é para ele: “A única razão que cons[egue] encontrar para esse tipo de atitude é o interesse econômico”.
  • Que eu “crític[o] como inferiores as traduções que não são feitas diretamente do Pali”, onde o Sr. Michael Beisert toma como uma crítica pessoal a ele.
  • Que se sentiu ofendido, pois como na minha “biografia não há qualquer menção que o Ricardo tenha alguma formação em Pali” e, portanto, eu não poderia falar sobre que traduções são superiores ou inferiores.


Resumo das acusações do Sr. Michael Beisert a mim
: tento enganar os ingênuos; na biografia consta de certificados que não tenho, daí se constituir de uma atitude enganosa e incorreta de minha parte; apoio a ditadura; uso tais certificados como muleta; tenho uma atitude discriminatória por motivos econômicos; disse que suas traduções são inferiores porque não indiquei o site dele numa pergunta numa lista de discussão e não consta formação na língua pali em minha biografia.

Uma por uma essas acusações serão tratadas nesta resposta, mostrando o que o Sr. Michael escondeu dos leitores de seu site.

Ω

Ao CBB:

  • O Sr. Michael Beisert diz que tentou repetidas vezes o contato com o CBB “visando através da intermediação do CBB chegar a algum tipo de entendimento” comigo a fim de que eu retirasse os títulos que ele não concorda que constem no site do Nalanda.
  • Que “num último esforço” o Sr. Michael Beisert “tent[ou] através da intermeditação do CBB dar um fim a essa situação de animosidade e evitar a publicação desta carta mas infelizmente não foi possível chegar a um bom termo”. O ‘gota d’água’ foi uma “pergunta sobre o Tipitaka em Português numa das listas” que eu dirijo e o comportamento que tive diante dela.
  • Na mesma página onde está a crítica a mim, está também uma crítica do Sr. Michael Beisert à Cartilha de Budismo escrita pelo CBB.


Resumo das críticas do Sr. Michael Beisert ao CBB
: o CBB não é uma instituição capaz de intermediar e fazer a vontade do Sr. Michael Beisert e me fazer retirar o que ele considera incorreto no site do Nalanda (que não pertence ao CBB); o CBB foi incompetente em não conseguir fazer com que eu indicasse o site dele na lista de discussão que modero (e que não pertence ao CBB); o CBB é incompetente para escrever uma cartilha de budismo ou substituí-la pela sua [do Sr. Michael Beisert] correção.

Nesta presente resposta será mostrado qual o comportamento que o Sr. Michael Beisert teve em relação ao CBB e o que escondeu dos leitores de seu site.

 

A unilateralidade das críticas

O Sr. Michael Beisert participou nos começos da formação do CBB, mas há anos estava desligado. No começo deste mês de novembro 2011, o Sr. Michael Beisert escreveu uma carta dirigida à diretoria do CBB onde buscava se reconciliar e pedir que seu site fosse lá divulgado. Nela ele diz que estava disposto a trabalhar junto com o resto da comunidade buddhista, acabando com “a animosidade por parte do CBB em relação ao [seu site]”.

Ele recebeu como resposta do CBB de que ele seria bem-vindo para iniciar esse diálogo, desde que sua intenção fosse sincera, porém que “a diretoria considera importante esclarecer, com relação à sua frase “ainda existe animosidade por parte do CBB em relação ao Acesso ao Insight”, que jamais houve da parte de seus membros animosidades pessoais contra seu projeto, ou contra sua pessoa. Nunca nem mesmo os citamos em nenhum texto ou mensagem, ao contrário de sua atuação [do Sr. Michael Beisert] tanto em listas budistas, fóruns públicos e mensagens pessoais a diversas pessoas, onde tem expressado sua crítica e insatisfação para com o CBB ou para com seus membros individuais. É importante que este ponto esteja claro para que não se estabeleça um novo contato baseado na ideia errônea de que as hostilidades foram mútuas”.

Diante disso, o próprio Sr. Michael Beisert admite, em resposta ao CBB por email, que: “O correto seria dizer “expressou”, ou seja, no passado sim fiz isso, mas já faz anos que não faço qualquer tipo de manifestação acerca do CBB ou de qualquer um dos seus membros”.

Ou seja, o Sr. Michael Beisert admite que fazia críticas públicas e que era ele quem criava a animosidade (pois o CBB nunca o criticava em texto ou mensagem, como ele mesmo admitiu), mas que não fazia mais isso. Entretanto, e apesar de sua afirmação contrária, em seu site continuava a figurar, e isso por anos, uma crítica à cartilha do CBB, além de sua manifestação em fóruns públicos como Orkut e outras listas de discussão por email. Suas críticas, assim, continuavam no site e por outros meios, até culminar no momento presente quando o Sr. Michael Beisert resolve tornar pública sua completa discordância a um dos membros do CBB: a minha pessoa, que coincide de ser também alguém ligado à mesma tradição budista que ele diz ser seguidor. E sua discordância ele escolheu ser pública, em seu site, por emails e feita da forma particular como ele se expressa.

Que fique claro que não apenas o CBB não expressava crítica ou agressão ao Sr. Michael Beisert, mas também eu nunca o agredi ou falei mal dele seja em público, por email e muito menos em nossos sites. Seu ataque é completamente unilateral, nascido inteiramente de sua volição e não como reação a nenhum ataque de ninguém.

Como é possível ler em sua própria “carta aberta” a única acusação que ele atribui a mim contra ele de forma pessoal é: (1) a não inclusão de seu site na página “Com quem Andamos” do Nalanda; (2) ele ser censurado nas 2 listas de budismo em que sou moderador; (3) eu não ter citado o seu site quando uma pessoa na lista perguntou onde encontrar um livro sobre o cânone budista. Adiante comentarei essas três supostas atribuições.

O tom da “carta aberta”

Com tantas coisas erradas no Brasil, na espiritualidade em geral, e mesmo os tantos enganos da mídia em relação ao Buddhismo, etc., o foco exclusivo de crítica pessoal empreendida pelo Sr. Michael Beisert em seu site é o ataque à minha pessoa. Não há crítica a mais ninguém. É possível constatar a partir disso que sou o único problema no Buddhismo brasileiro que ele percebe, a ponto de me dedicar uma página inteira de seu site (que segundo ele, lembremos, tem como objetivo fornecer informações precisas e confiáveis). Uma vez que está claramente constante em seus “Princípios Editoriais” que “Evitamos apresentar nossas opiniões e entendimentos, preferindo ao invés disso permitir que as passagens dos suttas falem por si mesmas”, fica claro também que suas críticas não são consideradas, por ele, uma opinião pessoal, mas uma verdade universal.

Quais as críticas do Sr. Michael Beisert a mim

O Sr. Michael Beisert em sua carta aberta critica basicamente quatro coisas a meu respeito:

  1. No site do Nalanda é mencionado que recebi uma certificação de dhammacariya.
  2. No site do Nalanda é mencionado que recebi um título de mahasadhammajotikadhaja.
  3. No site do Nalanda é mencionado que estabeleço uma ligação com o mestre thailandes Ajahn Buddhadasa e que, por isso, ensino vipassana de forma enganosa.
  4. Meu comportamento discriminatório a ele e a outros grupos.

Vejamos uma por uma de suas afirmações.

Continua aqui: Sobre a certificação de dhammacariya

Índice Geral:

Sobre a estranha e curiosa carta do Sr. Michael Beisert

~ o lamentável uso das escrituras budistas para ataques pessoais 

Os objetos de crítica

~ onde são mostradas as críticas alegadas ao modo de organização das instituições buddhistas e a utlização de seu site para o ataque pessoal ad hominem a outros a fim de criar divisão e mal estar na comunidade

A unilateralidade das críticas

Quais as críticas do Sr. Michael Beisert a mim

Sobre a certificação recebida

~onde são mostradas as omissões de informação a fim de levar o leitor a pensar segundo o autor

A carta respondida a ele

A natureza do título

Esclarecimento sobre a palavra “dhammacariya”

O que foi omitido

Sobre o título recebido

~ onde é evidenciado o preconceito do autor a toda a tradição monástica birmanesa

Esclarecimento sobre o título

Ajahn Buddhadasa e a tradição das Florestas da Tailândia

~ onde é mostrado o desconhecimento do autor a respeito da tradição das floresta, de vipassana e de um de seus grandes mestres

O uso de vinculações como forma de enganar ingênuos

A suposta atitude extremamente discriminatória

~ onde é mostrada a vontade do autor de ser incluído em nosso site e sermos seu divulgador

A suposta atitude hostil do Nalanda

Sobre a saída do Sr. Michael Beisert do CBB

~ onde é mostrada as reais razões do autor ter saído e as trocas que quis fazer para ser reaceito

A gota d’água para a publicação de sua carta

~ onde é mostrado como o seu mal entendimento de uma resposta precipitou seu ataque público

A suposta crítica como inferiores das traduções que não são feitas diretamente do Pali

O último motivo alegado