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A supremacia das Quatro Nobres Verdades no ensinamento do Buddha é abundantemente clara pela mensagem do Bosque de Sinsapa, assim como pela mensagem do Parque das Gazelas.

Uma vez o Bem Aventurado vivia em Kosambi (próximo a Allahabad) no Bosque de Sinsapa. Então, reunindo algumas folhas de sinsapa em sua mão, o Bem Aventurado dirigiu-se aos monges:

Quais vocês acham, monges, que é maior em quantidade, esse punhado de folhas de sinsapa que reuni ou as que estão na floresta?”

“Não são muitas, venerável senhor, poucas são as folhas reunidas pelo Bem Aventurado, e muitas as folhas na floresta”.

“Assim, monges, muitas são as coisas que percebi mas não lhes declarei; poucas as que declarei. E por que, monges, não as declarei? Elas, monges, não são importantes, não são essenciais para uma vida de pureza, não levam ao repúdio, à imparcialidade, à cessação, à tranqüilidade, à completa compreensão, à completa iluminação, ao Nibbana. É esse o porquê, monges, de não serem declaradas por mim.

E o que, monges, é o que declarei?
Isto é sofrimento – isso declarei.
Este é o surgimento do sofrimento – isso declarei.
Esta é a cessação do sofrimento – isso eu declarei.
Este é o caminho que leva à cessação do sofrimento – isso eu declarei.
E por que, monges, declarei essas verdades?

Elas são, de fato, úteis, essenciais à vida de pureza, elas levam ao repúdio, à imparcialidade, à cessação, à tranqüilidade, à completa compreensão, à completa iluminação, ao Nibbana. Isso é o porquê, monges, de declará-las. Portanto, monges, um esforço deve ser feito para perceber: ‘Este é o sofrimento, este é o surgimento do sofrimento, esta é a cessação do sofrimento, este é o caminho que leva à cessação do sofrimento’” [1].

O Buddha enfaticamente disse: “Uma coisa eu faço conhecida: o sofrimento e a cessação do sofrimento” (dukkham ceva paññapemi, dukkhassa ca nirodham) [2]. Compreender esse dito inequívoco é compreender o Buddhismo, já que todo o ensinamento do Buddha não é nada mais do que a aplicação desse princípio. O que pode ser chamado de a descoberta de um Buddha são apenas essas Quatro Nobres Verdades. Esse é o ensinamento típico dos Buddhas de todas as eras.

[1] SN. v. 437.
[2] MN. 22; I, 140.

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3 COMMENTS

  1. Incrível pensar que essas poucas “folhas” que Buddha nos revelou contêm um conhecimento tão vasto e extraordinário.

    Entendo que ele nos deixou apenas o essencial para compreender o surgimento do sofrimento e sua sua cessação, mas confesso que tenho uma grande curiosidade de conhecer todas as outras folhas não reveladas por ele.

    Enfim, apenas mais um desejo dessa mente mundana a ser trabalhado.

    Obrigado pela tradução Ricardo!

    Abraços!

  2. Carlos, lembre-se que o tradutor foi nosso colaborador de Curitiba, Nils Skare! E realmente é impressionante que “só” nisso que ele ensinou já haja tanta coisa!

  3. Não é uma boa tradução…

    O Buddha enfaticamente disse: “Uma coisa eu faço conhecida: o sofrimento e a cessação do sofrimento”

    Dá para pensar que “o cara” resolveu levar sofrimento pra geral. Como se o “o sofrimento” fosse não conhecido/experimentado pela humanidade antes dele.

    Melhor seria:

    O Buddha enfaticamente disse: “Uma coisa eu fiz clara: O QUÊ É o sofrimento e COMO por fim ao sofrimento”

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