Encontrando uma Nova Nascente [Perseverança] – recontada pelo Ven. Piyatissa
Era uma vez certo comerciante que liderava uma caravana para outro país com o intuito de vender os seus produtos. Ao longo do caminho a caravana chegou à fronteira de um severo deserto de areia quente. As pessoas interrogaram a respeito e descobriram que, durante o dia, o sol aquecia a areia fina até que ela se tornava tão quente como carvão vegetal, de modo que ninguém podia caminhar sobre ela – nem mesmo novilhos ou camelos! Assim, o líder da caravana contratou um guia do deserto, alguém que poderia seguir as estrelas, para que pudessem viajar apenas à noite, quando a areia esfriava. Eles começaram a perigosa viagem noturna através do deserto.
Duas noites depois, após terem jantado e esperado a areia esfriar, eles começaram novamente. Mais tarde, naquela noite, o guia do deserto, que estava dirigindo a primeira carroça, percebeu, ao observar as estrelas, que eles estavam do outro lado do deserto. Ele também comeu demais, e quando relaxou, cochilou e começou a dormir. Então, os bois que, é claro, não conseguiam interpretar as direções observando as estrelas, gradualmente penderam para um lado e seguiram em um grande círculo, até retornarem para o mesmo lugar de onde partiram!
Por fim, já era de manhã, e as pessoas perceberam que estavam de volta ao mesmo local em que tinham acampado no dia anterior. Então, elas perderam o ânimo e começaram a chorar. Como imaginaram que a travessia do deserto já deveria ter terminado naquele momento, elas ficaram sem água e tinham medo de morrer de sede. Começaram até a culpar o líder da caravana e o guia do deserto – “Não podemos fazer nada sem água!”, queixaram-se.
Em seguida, o comerciante pensou consigo mesmo: “Se eu perder a coragem agora, no meio desta situação desastrosa, minha liderança não vale nada. Se eu cair chorando e lamentando esta desgraça e não fazer nada, todos esses bens e novilhos e até mesmo as vidas das pessoas, inclusive a minha, podem estar perdidos. Preciso ser enérgico e enfrentar a situação!” Então, ele começou a andar para trás e para frente, tentando pensar em um plano para salvar a todos.
Permanecendo alerta, pelo canto dos seus olhos ele notou um pequeno tufo de grama. Ele pensou: “Sem água, nenhuma planta poderia viver neste deserto”. Então, ele chamou os mais enérgicos de seus companheiros de viagem e pediu a eles para cavar o chão naquele local específico. Eles cavaram e cavaram e, depois de um tempo, chegaram até uma grande pedra. Vendo isso, eles pararam e começaram a culpar novamente o líder, dizendo: “Este esforço é inútil. Nós estamos apenas jogando fora nosso tempo!” Mas o comerciante respondeu: “Não, não, meus amigos, se desistirmos do esforço estaremos todos arruinados e os nossos pobres animais irão morrer – vamos ser confiantes!”
Quando disse isso, ele desceu até o buraco, encostou o ouvido na pedra e ouviu o som de água corrente. Imediatamente ele chamou o menino que havia escavado e disse: “Se você desistir, vamos todos morrer – assim, tome este pesado martelo e bata na rocha”.
O menino levantou o martelo acima de sua cabeça e bateu na rocha tão forte quanto podia – e foi ele quem mais ficou surpreso quando a rocha se partiu em duas e um poderoso fluxo de água jorrou por debaixo dela! De repente, todas as pessoas ficaram muito felizes. Beberam e tomaram banho, lavaram os animais, cozinharam sua comida e comeram.
Antes de saírem, elas levantaram uma grande bandeira para que outros viajantes pudessem ver de longe e encontrar a nova nascente no meio do deserto de areias quentes. Então, eles seguiram em segurança até o fim da viagem.
A moral é: não desistam tão facilmente – continuem tentando até conseguir.
Traduzido pelo Grupo de Tradução do Centro Nalanda
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