O cervo que se fingiu de morto

O cervo que se fingiu de morto  [Comparecimento]

Era uma vez uma manada de cervos selvagens. Nesse rebanho havia um professor sábio e respeitado, com astúcia nos caminhos dos cervídeos. Ele ensinava truques e estratégias de sobrevivência aos jovens filhotes.

Um dia, sua irmã mais nova trouxe seu filho para ele, para ser ensinado no que é tão importante para os cervos. Ela disse: “Ó irmão professor, este é meu filho. Por favor, ensine-lhe os truques e estratégias dos cervos”. O professor disse ao filhote: “Muito bem, você pode vir a esta hora amanhã para a sua primeira lição”.

O cervo apareceu às aulas como combinado. Enquanto os outros matavam aula para passar o dia brincando, ele continuava e prestava atenção em seu bom professor. Ele era querido entre os outros cervos, mas só brincava quando a aula terminava. Ele também era paciente com os outros estudantes, pois sabia que alguns aprendem mais rapidamente que outros. Ele respeitava o professor pelo seu conhecimento, e era agradecido por sua vontade de compartilhá-lo.

Um dia, o cervo pisou numa armadilha na floresta e foi capturado. Ele gritou com muita dor. Isso deixou os outros filhotes assustados, eles correram de volta ao rebanho e contaram para a mãe do cervo. Ela ficou apavorada, e correu até seu irmão professor. Tremendo de medo, chorando grandes lágrimas, ela disse a ele: “Ó querido irmão, você ouviu a notícia de que meu filhote caiu na armadilha de um caçador? Como eu posso salvar a vida do meu pequeno filhote? Ele estudou bem em sua presença?”

Seu irmão disse: “Minha irmã, não tenha medo. Não tenho dúvidas de que ele se salvará. Ele estudou duro e sempre deu seu melhor. Ele nunca perdeu uma aula e sempre prestou atenção. Portanto, não há necessidade de duvidar ou sentir dor em seu coração. Ele não vai ser machucado por nenhum ser humano. Não se preocupe. Tenho confiança de que irá voltar e deixá-la feliz novamente. Ele aprendeu todos os truques e estratégias que os cervos usam para enganar os caçadores. Então, tenha paciência. Ele voltará!”

Enquanto isso, o cervo preso estava pensando: “Todos os meus amigos ficaram com medo e correram embora. Não há ninguém para me ajudar a sair dessa armadilha mortal. Agora eu tenho que usar os truques e estratégias que aprendi com o sábio professor, que tão bem ensinou”.

A estratégia que ele decidiu usar foi uma chamada “fingindo-se de morto”. Primeiro, ele usou seus cascos para abrir um buraco na terra e na grama, para parecer que ele tentou muito escapar. Então, aliviou suas entranhas e soltou sua urina, porque isso é o que acontece quando um cervo é pego numa armadilha e morre com muito medo. Depois, ele cobriu seu corpo com sua própria saliva.

Deitado de lado, com o corpo esticado, ele enrijeceu seu corpo, esticou e endureceu suas pernas. Virou os olhos e deixou sua língua para fora da boca. Ele encheu de ar seus pulmões e estufou sua barriga. Finalmente, com sua cabeça deitada de lado, ele respirava pela narina próxima do chão, e não através na narina que estava para cima. Deitado imóvel, ele se parecia tanto com um cadáver que insetos começaram a voar ao redor dele, atraídos pelo cheiro desagradável. Os corvos esperavam por perto para comer sua carne.

Logo já era de manhã, e o caçador apareceu para conferir suas armadilhas. Encontrando o cervo fingindo-se de morto, ele bateu na barriga inchada e a considerou bem dura. Vendo os insetos e a bagunça ao redor ele pensou: “Ó, ele já começou a endurecer. Deve ter sido capturado bem cedo pela manhã. Sem dúvida a carne macia já começou a apodrecer. Eu vou carnear e tirar o couro aqui mesmo, e levar a carne para casa”.

Uma vez que acreditou completamente que o cervo estava morto, ele removeu e limpou a armadilha, e começou a espalhar folhas para carneá-lo. Percebendo que estava livre, o cervo repentinamente ficou em pé e correu como uma pequena nuvem soprada por um vento forte, de volta ao conforto e segurança da sua mãe. O rebanho inteiro celebrou sua sobrevivência, graças ao bom aprendizado do sábio professor.

A  moral da estória é: Lições bem aprendidas trazem grandes recompensas.

Traduzido por Daniel Silva
com a permissão dos detentores do copyright
© 2013 Edições Nalanda

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