O Monge Feliz [alegrias da vida espiritual]

Era uma vez um homem rico de alta posição social. Assim que se tornou mais velho, percebeu que o sofrimento da velhice era mais ou menos o mesmo para ricos e pobres. Então, ele desistiu de sua riqueza e posição social e foi para a floresta viver como um monge pobre. Ele praticou meditação e desenvolveu sua mente. Libertou-se de pensamentos prejudiciais e tornou-se satisfeito e feliz. Sua tranquilidade e simpatia gradualmente atraiu 500 seguidores para junto de si.

Naquela época, há muito tempo, a maioria dos monges geralmente era muito séria. Mas havia um monge que, embora fosse muito digno, sempre expressava pelo menos um pequeno sorriso. Não importava o que acontecesse, ele nunca perdia esse vislumbre de felicidade interior. Em ocasiões felizes, ele expressava o maior sorriso e as mais calorosas risadas.

Às vezes, monges, assim como outras pessoas, perguntavam-lhe por que ele era tão feliz e estava sempre sorrindo. Ele ria e dizia: “Se eu lhes contasse, vocês não iriam acreditar! E se pensassem que eu estava mentindo, seria uma desonra para o meu mestre”. O sábio mestre conhecia a fonte da felicidade que não saia de seu rosto. Ele fez este feliz monge seu assistente número um.

Um certo ano, após o período chuvoso, o velho monge e seus 500 seguidores foram para a cidade. O rei permitiu-lhes que permanecessem durante a primavera em seu jardim do prazer. Esse rei era um homem bom, que assumia suas responsabilidades como governante sério. Ele tentava proteger as pessoas do perigo e promover sua prosperidade e seu bem-estar. Sempre se preocupava com os reis vizinhos, alguns dos quais eram hostis e ameaçadores. Frequentemente, ele tinha que fazer as pazes entre seus próprios ministros de estado rivais.

De vez em quando suas esposas brigavam por sua atenção e pelo progresso de seus filhos. Às vezes, uma pessoa insatisfeita até ameaçava a vida do próprio rei! E, naturalmente, ele tinha que se preocupar constantemente com as finanças do reino. De fato, ele tinha tanto com que se preocupar que nunca tinha tempo para ser feliz!

Assim que o verão se aproximou, ele percebeu que os monges estavam se preparando para voltar para a floresta. Considerando a saúde e o bem-estar do velho líder, o rei se dirigiu a ele e disse: “Sua reverência, agora você está muito velho e fraco. Que bem faria voltar para a floresta? Você pode enviar de volta seus seguidores e permanecer aqui”. Então o monge-chefe chamou seu assistente número um e disse-lhe: “Agora, enquanto viverem na floresta, você vai ser o líder dos outros monges. Como eu estou muito velho e fraco, vou ficar aqui como proposto pelo rei”. Assim, os 500 voltaram para a floresta e o velho ficou. O assistente número um continuou praticando meditação na floresta. Ele adquiriu tanta sabedoria e paz que se tornou ainda mais feliz do que antes. Ele sentiu falta do mestre e quis compartilhar sua felicidade com ele. Então, ele voltou à cidade para uma visita.

Quando chegou, sentou-se sobre um tapete aos pés do velho monge. Eles não conversaram muito, mas de vez em quando o assistente número um dizia: “Que felicidade! Ah, que felicidade!” Então, o rei veio para uma visita. Ele prestou suas reverências ao monge-chefe. No entanto, o monge da floresta só ficava dizendo: “Que felicidade! Ah, que felicidade!” Ele nem sequer parou para cumprimentar o rei e mostrar o devido respeito. Isso o perturbou, e ele pensou: “Com todas as minhas preocupações, tão ocupado quanto eu sou cuidando do reino, ainda tiro um tempo para uma visita e esse monge não me respeita o suficiente para sequer me reverenciar. “Que insulto!” Ele disse ao mais velho dos dois monges: “Venerável senhor, este monge deve ser muito estúpido. Deve ser por isso que ele está tão cheio de felicidade. Ele fica por aqui vagabundeando o tempo todo?”

O monge-chefe respondeu: “Ó rei, tenha paciência e eu lhe direi a fonte de sua felicidade. Poucos sabem disto. Uma vez ele era um rei, tão rico e poderoso como você! Então, ele foi ordenado monge e desistiu de sua vida real. Agora ele acha que sua antiga felicidade não era nada em comparação com a sua alegria presente!” Ele era cercado de homens armados, que o guardavam e o protegiam. Agora, sentado sozinho na floresta, sem nada a temer, ele não tem necessidade de guardas armados. Ele desistiu do fardo da preocupação com a riqueza que deve ser protegida. Em vez disso, livre da preocupação vinda da riqueza e do medo do poder, sua sabedoria o protege, a si mesmo e aos outros. Em meditação ele desenvolve uma paz interior tal que não consegue parar de dizer: “Que felicidade! Ah, que felicidade!”

O rei compreendeu imediatamente. Ouvir a história do monge feliz o fez sentir-se em paz. Ele ficou por um tempo e recebeu conselhos de ambos. Então, reverenciou-os e voltou para o palácio. Mais tarde, o monge feliz, que uma vez tinha sido um rei, prestou reverências ao seu mestre e voltou para a encantadora floresta. O velho monge-chefe viveu o resto de sua vida, morreu e renasceu em um mundo celestial.

A moral da história é: desapego de riqueza e de poder aumenta a felicidade.


Traduzido por Benedito Inácio da Silveira
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© 2016 Edições Nalanda

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