Autor: Ven. Ajahn Buddhadasa
Tradução: Grupo de Tradução do Nalanda
Edição Impressa:
ISBN: 85-87483-01-3
198 Edições Nalanda 1998 | R$ 60,00
Livro inédito no Ocidente do grande mestre tailandês deste século, o venerável Ajahn Buddhadasa. Este também é o primeiro livro em língua portuguesa desse mestre buddhista.
“Os ocidentais são extremamente interessados no Buddhismo como Arte de Viver, e discutem esse aspecto mais que qualquer outro. É preciso penetrar tão profundamente na essência real do Buddhismo que sejamos capazes de tomá-lo como guia de vida, o que induz ao bom humor e à alegria, dispersando a depressão e a desilusão… Quando não há nenhum egoísmo, nada é prejudicado. Somente removendo o egoísmo, toda a violência e a exploração podem ser destruídas“.
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PREFÁCIO DE SANTIKARO PARA A EDIÇÃO BRASILEIRA
De acordo com o calendário cristão, acabamos de entrar em um novo milênio. Nos países buddhistas já estamos no ano 2544. As mudanças no calendário podem ocorrer de uma hora para outra, mas mudanças culturais mais significativas desenvolvem-se através de gerações. Historiadores das culturas nos lembram das mudanças radicais ocorridas na Europa, quando o milênio anterior começou, com a revolução papal de Gregório VII (aproximadamente 1050-1150). Em algumas poucas gerações, nasceram todas as instituições sociais da moderna Europa. As revoluções subsequentes – a Reforma Protestante, a Revolução Gloriosa da Inglaterra, as Revoluções Americana e Francesa, a Revolução Industrial e a Revolução Soviética – levaram adiante o processo da modernidade. Então, à medida que o milênio chegava ao seu fim, ouvimos clamores sobre o “fim da história”.
O segundo milênio está terminando, não tanto com uma revolução, mas com uma finalização. Esta é chamada “pós-modernidade”. Melhor definida pelo que não é – não modernidade – a pós-modernidade entretanto possui certos elementos que tornaram possível este livro em suas mãos. Não mais acreditamos que há uma verdade universal a ser definida para todo o mundo pelos intelectuais ocidentais e pelo poderio militar ocidental. Cada vez mais, respeitamos a diversidade. O sujeito racional isolado de Descartes, vivendo num mundo newtoniano mecanicista, foi desbancado e é compreendido cada vez mais como inserido em comunidades e ecossistemas. Entre outras possibilidades, tais tendências permitem aberturas para a sabedoria não-ocidental nas vidas das pessoas atuais.
Ao mesmo tempo, cada vez nos tornamos mais conscientes de nosso dukkha, o “sofrimento” referido no título deste livro. A destruição ecológica aumenta e a catástrofe se afigura. Comunidades e famílias perdem a coesão e se dispersam. O trabalho rápido e altamente competitivo cria grande estresse. O tribalismo fundamentalista segue lado a lado com o capitalismo globalizante. Respostas antigas não mais inspiram a fé e não mais estamos seguros se as coisas podem ou irão ficar melhores. Como dizia o título de um livro: A Realidade Não É O Que Costumava Ser.
Este livro apresentará a você perspectivas que surgiram na pré-modernidade, que transcendem a modernidade e se constituirão em importantes habilidades para a sobrevivência em meio à incerteza da pós-modernidade. Mais que tudo, ele o ajudará a ver a si mesmo à medida que dança a vida de nossos tempos, e não apenas a compreender intelectualmente as teorias sobre si mesmo. Ele o ajudará a olhar para sua experiência e encontrar o que ali está acontecendo. Há dor, ferida, sofrimento? Quando e como existem a alegria ou a liberdade? O que estamos fazendo aqui? O que podemos fazer sobre isso, agora que estamos aqui? Em outras palavras, como devemos viver?
A realidade pode ser entendida de muitas maneiras nestes dias, mas ela ainda está circunscrita pelos limites do sofrimento e fim do sofrimento, que foi o que o Buddha ensinou. Enquanto houver o sofrimento, e a pós-modernidade é repleta dele, o Buddha é relevante. Neste livro, Achaan Buddhadasa nos ajuda a ver esta relevância crucial fazendo-nos voltar para os temas essenciais do Buddha-Dhamma, isto é, para os temas da vida, e para como a corrompemos apegando-nos a ela como “minha” ou “minha vida”, e, então, tentando comprá-la, possui-la e controlá-la. Terminamos egoisticamente numa luta sem fim. O Buddha-Dhamma oferece a solução radical para o abandono do egoísmo e da luta, indicando o caminho para uma vida pacífica e alegre no aqui e agora.
Achaan Buddhadasa foi, de muitas formas, o mais moderno dos mestres buddhistas thailandeses. Entretanto, sendo um profundo estudante, pensador e praticante buddhista, ele também corporificou coisas (dhammas) que os eruditos ocidentais rotularam como “pós-modernas”. Ele foi científico, mas não da forma linear e mecanicista que ainda predomina no Ocidente. Ele apresentou princípios claros e diretos, mas não pensava que somente ele estava correto. Ele se afastou dos centros de poder e recusou posições de autoridade dadas a ele. Ele compreendeu o Buddha-Dhamma original, bem como suas versões Theravada e Mahayana posteriores, de acordo com seus contextos. Ele propôs perspectivas e práticas profundamente enraizadas no Buddha-Dhamma original e apropriadas para nossos tempos. É propício que sua obra esteja começando a ser conhecida no Brasil.
É cedo demais para dizer quão bem o Buddha-Dhamma se encaixará na pós-modernidade. Levará gerações para sabermos o que ocorrerá com esta última. O Buddha-Dhamma, no entanto, tem existido há muito tempo e aponta para aquilo que é intemporal e para além do nascimento-morte. Este livro é parte da grande revolução chamada “pós-modernidade” e significa a contra-influência da Ásia sobre o Ocidente. Você encontrará aqui a sabedoria que tem estado em grande parte ausente do discurso do Ocidente em relação a si mesmo. A pós-modernidade será difícil para muitos – notemos o surgimento do fundamentalismo e de outros tribalismos. É também uma grande oportunidade. O Buddha-Dhamma é uma companhia maravilhosa para termos conosco à medida que navegamos nestas correntes confusas. Que o esforço dos tradutores e editores deste livro dê frutos nos corações e no mundo social inseparável de nós. Possamos todos colaborar na grande busca humana pela paz, sabedoria e compaixão derradeiras.
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