Autor: Visu
Tradução: Ricardo Sasaki
Edição Impressa: esgotado
110 p. Edições Nalanda, 2014 | Valor: R$ 35,00
Edição Ebook:
Edição ebook pela Amazon
Edições Nalanda, 2014 | Valor: R$ 16,99
~ Um dia quando eu morrer, como deve acontecer, gostaria de morrer com um sorriso em meus lábios. Gostaria de partir pacificamente, cumprimentar a morte como um amigo e ser capaz de dizer muito alegremente: “Alô Morte, Adeus Vida”.
Visu nasceu na Malásia e foi monge buddhista durante 17 anos. Durante sua vida presenciou muitas mortes e esteve presente para consolar e apoiar aqueles no leito de morte e os familiares que ficaram depois de ver seus entes queridos partirem.
Neste livro ele conta sobre esses encontros, e numa escrita amorosa e sensível revela o que faz um monge buddhista e o que pensa um ser humano nascido numa cultura asiática permeada pelos ensinamentos do Buddha.
Este livro fala sobre a preparação para morte, sobre a doença e o envelhecimento, sobre o que em vida podemos fazer e sobre como aqueles que sobrevivem ao falecimento de um ente querido podem levar sua vida adiante.
Mas este livro não fala apenas sobre a morte. Ele fala sobre a vida, sobre o amor e sobre viver e morrer com um sorriso nos lábios.
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Prefácio de
Amando e Morrendo: Uma visão buddhista sobre a morte
Escrevi este livro para compartilhar alguns pensamentos sobre a morte com qualquer um que queira lê-lo. Pensamentos sobre como nos defrontaremos com a morte – com coragem e equanimidade. Com dignidade. E, se você quiser, com um sorriso. Pensamentos sobre como lidar com o sofrimento, e viver com sabedoria e compaixão, ou com qualquer outra coisa que quisermos investigar, até que morramos.
Mas as pessoas não gostam de falar sobre a morte. Sempre que o tema é tocado elas começam a se sentir desconfortáveis. É especialmente considerado tabu falar sobre a morte em ocasiões auspiciosas, tais como em um nascimento ou no Ano Novo. É como se mencionando a palavra, morte, numa ocasião auspiciosa isso fosse estragar a ocasião e trouxesse má sorte ou, prematuramente, a morte! É claro que não concordo com tais noções. Para mim é apenas uma superstição. Posso entender, entretanto, que as pessoas considerem de mau gosto falar sobre a morte em ocasiões auspiciosas. Mas penso que é bom e sábio refletir frequentemente sobre a morte, e mesmo em ocasiões tais como nascimentos e Ano Novo, talvez ainda mais em tais ocasiões. Por quê? Porque podemos refletir que não estamos nos tornando mais jovens, mas sim, mais velhos; que cada ano nos trás um ano mais perto de nosso túmulo. Durante tais reflexões podemos avaliar nossa vida, reavaliar nossa posição e ver se estamos nos dirigindo na direção correta – a direção da sabedoria e da compaixão.
Como monge, constantemente medito sobre a morte. Isso me chama a atenção para levar uma vida mais significativa, não gastar inutilmente meus dias, embora, devo confessar, gaste um precioso tempo, de tempos em tempos; pois a mente, como você sabe, pode ser estúpida e preguiçosa por vezes. Mesmo assim, pela contemplação frequente sobre a morte, sou lembrado de que devo encontrar mais tempo para praticar a meditação da visão clara a fim de limpar minha mente das impurezas da ganância, do ódio e da ilusão.
O Buddha nos aconselhou a contemplar frequentemente sobre a morte, até mesmo diariamente, ou mesmo de tempos em tempos. Isso fará surgir em nós saṁvega – o senso de urgência para nos esforçarmos ainda mais para erradicar o sofrimento que provém de uma mente impura e iludida. Eu gosto de falar sobre a morte. É o meu tema favorito. (Isso seria mórbido? Tudo bem. Vá em frente. Você pode dizer que sou mórbido ou qualquer coisa que você queira. Está bem para mim. Não me importo. As pessoas, isto é, não somente eu, mas também você, devem ser permitidas exercer seu direito básico humano de expressar suas opiniões e sentimentos; tanto quanto assim o façam de uma forma legitima, sensível, não impositiva e não violenta. Ninguém deveria ficar com raiva de uma pessoa por expressar suas opiniões de tal forma, embora, infelizmente, algumas vezes esqueçamos e fiquemos irados). Mas voltando ao tema, eu sempre ponderei, sempre me perguntei e ainda me pergunto: Por que vivemos? Por que morremos? O que é tudo isso? Para que tudo isso? Qual o propósito? Qual a finalidade?
Muitas respostas têm sido oferecidas, sem dúvida. E tenho certeza de que há muitas pessoas que ficariam felizes em me oferecer respostas a essas questões, as quais foram propostas desde quando o homem começou a pensar e ponderar. Mas não posso dizer que fiquei satisfeito com todas as respostas que já me foram dadas. Ainda busco. Nestes dias, tornei-me um monge buddhista e me iniciei na meditação. Subscrevi-me aos cinco preceitos do Buddha de não matar ou agredir, não roubar ou enganar, não cometer a má conduta sexual, tal como o adultério, não roubar e não tomar álcool e drogas. Como monge, ainda observo, além disso, o celibato e outras regras para os monges.
Não posso dizer que já encontrei todas as respostas para as minhas questões, mas encontrei alguma ajuda, algum conforto no ensinamento do Buddha. Sinto uma empatia com o ensinamento do Buddha sobre a vigilância e a amizade universal. Ainda medito. Talvez venha a encontrar todas as respostas um dia. Seria bom se pudesse. Mas se não acontecer, isso não importa. O que importa é que tentei. Ficarei feliz, mesmo se morresse tentando. Pois ao menos tentei. Dessa forma, minha vida ainda seria significativa, ao menos numa certa medida. E ao longo do caminho, é claro, tentarei espalhar tanta alegria e felicidade quanto for de acordo com minha disposição e habilidade.
Tentei, neste livro, compartilhar meu limitado entendimento sobre a vida e a morte. Sinto que devemos discutir as questões da morte francamente. Não deveríamos ter medo de iniciar tal discussão. De outra forma, como podemos discutir e aprender? Quando abertamente discutimos, aprendemos e entendemos, então, isso é bom; pois podemos lidar com a morte. Podemos conhecer melhor como lidar com ela. Isso é importante; pela simples razão de que todos nós devemos morrer. Não há escape. E se não podemos nos relacionar com a morte agora, como podemos nos relacionar com ela quando estivermos deitados em nosso leito de morte, quase respirando pela última vez? Não estaríamos tomados pelo medo e pela confusão em tal ocasião? De modo que é melhor aprender tudo sobre a morte agora. Certamente isso nos ajudará a pisar em chão firme. Então, não será necessário temer a morte. Teremos confiança e, quando a morte chegar, podemos seguir com um sorriso. Podemos dizer: ‘Morte, faça o seu pior. Eu conheço você e posso sorrir’.
Escrevi este livro da maneira mais direta e engajada possível. Tentei não ser nem muito acadêmico nem artificial. Queria que você gostasse de ler este livro, pensar sobre aquelas partes que possam estimular, e pegar uma coisa ou duas que pudesse ser de ajuda em sua vida, que pudesse ser de ajuda para viver, amar e morrer. Também não escrevi tanto da forma como um monge escreveria para um leigo, mas como de um ser humano para outro ser humano. Assim, escrevi de uma forma bastante livre, com o propósito de comunicar, de atingir o coração. Mas não posso dizer o quanto fui bem sucedido ou fracassei! Somente você será o melhor juiz para isso.
Como sou um monge buddhista, os leitores descobrirão que o conteúdo possui muitos valores e conceitos buddhistas. É claro que alguns valores, tais como aqueles do amor e da compaixão, são universais. Eles não pertencem a nenhuma religião, mas a todas. Todas as religiões ensinam o amor e a compaixão. Todas são boas religiões. Mas somos nós, os seguidores, que não seguimos. Assim, matamos e ferimos em nome de nossa religião. Quem deve ser culpado, além de nós mesmos? Não as religiões ou seus fundadores, os quais sempre praticaram o amor, a sabedoria, a misericórdia, o perdão e a compaixão. Se pudermos nos despertar de nossa ignorância, então, poderemos amar verdadeiramente. Poderemos viver como irmãos e irmãs, com tolerância, paciência e entendimento, com amor e compaixão.
Escrevi este livro principalmente para os buddhistas. Mas os que não são buddhistas podem também ler e ter algum benefício, algumas áreas comuns de concordância, apreciação e entendimento. No mínimo, eles saberiam o ponto de vista buddhista, a abordagem e entendimento buddhistas. É bom saber o ponto de vista dos outros; isso leva a uma maior tolerância, entendimento e apreciação de outras abordagens e crenças. Não é meu desejo converter ninguém. Isso deveria ser bem claro. Que cada um pratique sua própria religião e deixe que também os outros o façam; pois, como bem foi colocado pelo ganhador do Prêmio Nobel da Paz, o Dalai Lama: a compaixão é, afinal de contas, a essência de todas as religiões.
Tentei compartilhar o meu entendimento no melhor de minha habilidade. Mas, sem duvida, haverá algumas deficiências aqui e ali. Ou algumas áreas onde possa haver diferenças de interpretação ou entendimento. Você pode não gostar ou concordar com algumas coisas que eu digo. Ou pode não gostar do modo como eu as coloco. Você pode pensar que é impróprio, insensível, sentimental, abrasivo, distorcido, absurdo ou o que quer que seja. Tudo bem. Isso é natural. Havendo somente duas pessoas já haverá alguma discordância. Você pode apenas rejeitar aquelas coisas que você não concorda, deixá-las de lado, por assim dizer. Não precisa aceitar tudo o que digo. Por que deveria? É claro que você tem também uma boa mente e pode (e deve) pensar e decidir por si mesmo. Podemos concordar e discordar sem nos tornarmos agitados ou raivosos ou irados. Podemos concordar e discordar e, ainda assim, permanecermos bons amigos. Não podemos? Isso é a coisa mais maravilhosa, a quintessência da maturidade mental. Depende de cada um de nós decidir sincera e honestamente por nós mesmos aquilo que aceitamos ou não. Não precisamos crer em todas as coisas ou em qualquer coisa.
O Buddha, ele próprio, disse que o melhor é quando cuidadosamente pensamos, investigamos e verificamos por nós mesmos antes de aceitar qualquer coisa. Mesmo as próprias palavras do Buddha deveriam ser tomadas com a mesma intensidade e escrutínio. No final das contas, o Buddha não fez nenhuma exceção. Ele nunca acreditou com fé cega. Nunca nos disse para simplesmente crer no que havia dito e simplesmente rejeitar o que os outros disseram. Mas ele nos disse para investigar, praticar e verificar por nós mesmos. Se descobrimos que certo ensinamento é bom, é saudável e leva à erradicação do ódio, da cobiça e da ilusão, então, podemos aceitá-lo. Se não, deveríamos rejeitá-lo. É um conselho excelente. E dessa forma, aproveitando a dica do Buddha, eu sempre gosto de dizer: Não acredite em nada, mas pense, pratique e verifique por si mesmo. Para mim, isso é o melhor, é a abordagem mais segura. Mas, com relação aos erros de minha parte no, escrever este livro eu peço desculpas e peço por perdão.
Que todos os seres sejam felizes. Que todos nós encontremos a sabedoria e a felicidade que procuramos, cada um de sua própria maneira. E feliz leitura!
Vida e morte são dois lados da mesma moeda. Como é difícil, para nós ocidentais, compreender isso. O livro nos leva a refletir sobre o real significado da morte. As histórias ilustram, com sensibilidade, as formas de encarar esse momento do qual estamos sempre evitando pensar. Recomendado, também, para os não budistas.
Fundamental a leitura deste texto que, de forma direta, faz com reflitamos sobre morte e vida (nossas e dos outros). Com histórias, versos, citações o autor nos dá puxões de orelha, exortando-nos a pensar e buscar respostas para questões cotidianas que nos perturbam (ou que deveriam nos perturbar!).
Recomendo! Uma visão buddhista sobre o viver, o morrer e a transitoriedade das pessoas que amamos. Vale mesmo a pena.
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