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A Iluminação Perfeita, a descoberta e percepção das Quatro Nobres Verdades (o Estado de Buddha), não é a prerrogativa de um único ser escolhido pela divina providência, nem tampouco é um evento único e singular na história humana. É um feito aberto a quem quer que com esforço busque pureza e sabedorias perfeitas, e que com uma força de vontade inflexível cultive o pāramī, as perfeições que são os requisitos para o estado de Buddha e o Nobre Caminho Óctuplo. Houve Buddhas no passado longínquo e haverá Buddhas no futuro quando a necessidade surgir e as condições forem favoráveis; agora, em nossos dias presentes, as “portas para o Imortal” ainda estão bem abertas. Quem as adentrar, alcançando perfeita santidade ou estado de arahat, a liberação final do sofrimento (Nibbāna), tendo sido solenemente declarados pelo Buddhacomo seus iguais no que concerne a emancipação das nódoas e a derradeira libertação:
“Vitoriosos como eu são eles,
Vitoriosos sobre as impurezas” [1].
O Buddha, entretanto, também deixou claro a seus discípulos a diferença entre um Ser Plenamente Iluminado e os arahats [2], os santos realizados:
“O Tathāgata, ó discípulos, enquanto é um arahat, é Plenamente Iluminado. É ele quem proclama um caminho não proclamado antes; é o conhecedor de um caminho, que compreende um caminho, que é versado em um caminho. E agora seus discípulos trilham em seus passos. Isso, discípulos, é a distinção, a característica específica que distingue o Tathāgata, que sendo um arahat, é Plenamente Iluminado, do discípulo que é liberto pelo insight.” [3]
[1] Ariya-pariyesana Sutta. M. No. 26, I 264.
[2] A palavra é aplicada apenas àqueles que destruíram completamente suas impurezas. Nesse sentido o Buddha foi o primeiro arahat no mundo, como ele mesmo revelou a Upaka.
[3] S. III, 66.