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~ por Sitagu Sayadaw ~

Onde houver trevas, a luz é verdadeiramente necessária. Luz e escuridão não podem coexistir. Nós precisamos levar luz onde haja escuridão. Onde houver fogo, a água é absolutamente necessária. Hoje em dia, o mundo vive sob a escuridão da dor e do sofrimento causados pela violência e conflito. Na mensagem do Buddha, ele disse: “O mundo é cego, o mundo é instável, o mundo está ardendo”. Na história do mundo tem havido muito derramamento de sangue pelo desejo de poder e por ignorância à verdade. Portanto, o mundo precisa urgentemente de paz, harmonia e coexistência. Este é um grande desafio para os líderes políticos, espirituais e religiosos. Nós todos temos que aceitar essas responsabilidades e enfrentar os desafios.

Todas as religiões têm uma camada externa e um núcleo interno. A camada externa consiste em rituais, cerimônias, crenças, mitos e doutrinas que as tornam diferentes. No entanto, existe um núcleo interno que é comum a todas as religiões. Este é o ensinamento da moralidade, caridade, disciplina, pureza da mente, amor benevolente, compaixão, boa vontade e introspecção. Este é o denominador comum que todos os líderes religiosos devem enfatizar e que os seguidores religiosos devem praticar. Se prestarmos a devida atenção para a essência de todas as religiões, ao amor, à tolerância e à compaixão, podemos minimizar o conflito e a violência.

Todos os seres humanos devem ser livres para professar a sua religião. No entanto, devem ter cuidado para não negligenciar a prática da essência de sua respectiva religião, não incomodar os outros pela sua religião, e não condenar as outras crenças. Nesta diversidade de crenças, quando pessoas de diferentes pontos de vista se aproximavam do Buddha, ele dizia: “Deixemos de lado nossas diferenças, coloquemos atenção sobre o que podemos concordar e o coração no que aceitamos a praticar. Por que lutar?”  Tão sábio conselho ainda conserva o seu valor até hoje.

É claro que os seguidores da violência causam danos principalmente aos seus próprios amigos e parentes. Podem fazê-lo diretamente através da sua intolerância ou indiretamente, provocando uma resposta violenta às suas ações. Por outro lado, “bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia”. Essa é a lei natural. O Buddha disse: “O ódio pode ser erradicado pelo seu oposto, que é o amor, a paciência, o perdão, assim por diante. O ódio não pode ser erradicado pelo ódio. A violência pode cessar com a não violência. A violência nunca cessa com a violência. Neste mundo, o ódio não pode cessar com o ódio. Somente através do amor puro podem cessar todas elas. Esta é uma lei eterna”. Isto é Dhamma. O que é chamado Dhamma neste mundo nada tem a ver com o buddhismo, hinduísmo, jainismo, judaísmo, sikhismo, islamismo ou qualquer outro “ismo”. O Dhamma é uma simples verdade. O Dhamma nos ensina a não causar danos aos outros. Primeiro causamos danos a nós mesmos gerando negatividade mental, mas removendo essa negatividade podemos encontrar a paz dentro de nós mesmos e também fortalecer a paz no mundo.

~ Que Todos Estejam Felizes e Serenos como a Lua Cheia ~


 

© Sitagu Sayadaw (Ven. Ashin Nyanissara / Thegon Sayadaw)

© Centro Buddhista Nalanda, 2012 – Tradução do espanhol ao português de Luiz Faria a partir da tradução de Enid Pacheco, para a Comunidade de Buddhismo Theravada Nalanda. Palestra dada na Congregação Budista Mundial de 2011 em Nova Delhi, Índia.  Este material pode ser reproduzido para uso pessoal e pode ser distribuído somente de forma gratuita. Última revisão, quinta-feira, 08 de março de 2012. Direitos Autorais Tradução Português © 2012 AR México Budismo Theravada.

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