O pretinho da vovó

O Pretinho da Vovó [amorosidade]

Era uma vez, quando o rei Brahmadatta governava em Benares, uma velha que tinha um bezerro. Este bezerro era de uma cor escura e nobre. Na verdade, ele era preto retinto, sem uma mancha de branco. Ele era o Bodhisatva – o Ser destinado à Iluminação.

A velha senhora criou o bezerrinho como se ele fosse seu próprio filho. Ela lhe dava do melhor arroz e mingau de arroz. Ela lhe acariciava a cabeça e o pescoço e ele lambia-lhe a mão. Como eram muito carinhosos um com o outro, as pessoas começaram a chamar o bezerrinho de “pretinho da vovó”.

Mesmo depois que ele cresceu e se tornou um touro grande e forte, o pretinho da vovó se manteve muito manso e gentil. As crianças da aldeia brincavam com ele, segurando seu pescoço, orelhas e chifres. Elas até agarravam seu rabo, para subir em suas costas e passear. Ele gostava de crianças, então nunca reclamou.

O touro amigável pensava: “A velha senhora que me criou é para mim como uma mãe gentil. Ela me criou como se fosse seu próprio filho. Ela é pobre e necessitada, mas também humilde demais para pedir a minha ajuda. Ela é muito gentil para me forçar a trabalhar. Porque eu também a amo, quero libertá-la do sofrimento da pobreza”. Então ele começou a procurar trabalho.

Um dia, uma caravana de 500 carroças veio até a aldeia. Parou no rio, em um lugar difícil de atravessar. Os bois não foram capazes de puxar as carroças. O líder da caravana prendeu todos os 500 pares de bois na primeira carroça. Mas o rio era tão violento que eles não conseguiram retirar nem mesmo uma carroça.

Confrontado com este problema, o líder da caravana começou a procurar mais touros. Ele era conhecido por ser um excelente avaliador das qualidades de touros. Ao examinar o rebanho errante da vila, ele notou o pretinho da vovó. Imediatamente pensou: “Este nobre boi parece ter a força e a vontade fazer minha caravana atravessar o rio”.

Ele disse aos moradores que estavam ali perto: “A quem pertence este grande touro negro? Gostaria de usá-lo para puxar minha caravana para o outro lado do rio, e eu estou disposto a pagar ao seu dono por seus serviços”. Ao que as pessoas responderam: “Pode levá-lo, seu mestre não está aqui”.

Então, ele colocou uma corda através do nariz do pretinho da vovó. Mas ao puxar, ele não conseguia movê-lo! O touro estava pensando: “Até que este homem diga quanto pretende pagar pelo meu trabalho, eu não vou me mover”.

Sendo um conhecedor de touros, o líder da caravana entendeu seu raciocínio. Então ele disse: “Meu querido touro, depois de puxar todas as 500 carroças para o outro lado do rio, vou pagar-lhe duas moedas de ouro para cada carro – não apenas uma, mas duas”. Ouvindo isso, o pretinho da vovó foi com ele prontamente.

Então, o homem atrelou o forte touro negro ao primeiro carro. Ele começou a puxá-lo através do rio, algo que os mil touros não puderam fazer antes. Assim ele puxou todos os outros 499 carros, um da cada vez, sem ficar cansado!

Depois de terminado o serviço, o líder da caravana fez um pacote contendo apenas uma moeda de ouro por carro, ou seja, 500 moedas. Ele pendurou o pacote em torno do pescoço do poderoso boi. O touro pensou: “Esse homem prometeu duas moedas de ouro por carrinho, mas não é isso que tenho pendurado em meu pescoço. Então eu não vou deixá-lo sair!” Ele foi para a frente da caravana e bloqueou o caminho.

O líder tentou empurrá-lo para fora do caminho, mas ele não se mexia. Ele tentou dar a volta em torno dele, mas todos os touros tinham visto o quão forte ele era, de modo que nenhum se moveu!

O homem pensou: “Não há dúvida de que este é um touro muito inteligente, que sabe que eu lhe dei apenas metade do pagamento”. Então ele fez um novo pacote contendo todas as mil moedas de ouro, e pendurou-o em volta do pescoço do touro.

Então, o pretinho da vovó percorreu o caminho de volta em direção a sua velha “mãe”. Ao longo do caminho, as crianças tentaram pegar o pacote de dinheiro, pensando que era um jogo, mas ele conseguiu escapar.

Quando a mulher viu o pacote pesado, ela ficou surpresa. As crianças contaram tudo que ocorrera do outro lado do rio. Ela abriu o pacote e descobriu as mil moedas de ouro.

A velha também viu o olhar cansado nos olhos de seu “filho”. Ela disse: “Ó, meu filho, você acha que eu gostaria de viver com o dinheiro que você ganha? Por que você deseja trabalhar tão duro e sofrer tanto? Não importa o quão difícil possa ser, eu sempre cuidarei de você”.

Em seguida, a gentil senhora lavou o touro encantador e massageou os seus músculos cansados com óleo. Ela o alimentou com boa comida e cuidou dele até o fim de suas vidas felizes juntos.

A moral da história é: a amorosidade transforma a mais pobre das casas no mais feliz dos lares.


Traduzido por Derley Alves
com a permissão dos detentores do copyright
© 2013 Edições Nalanda

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1 COMMENT

  1. origado pelas informações, se possivel transforme estas inscrições em portugues.

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